O terror voltou à Europa, agora no coração de Manchester

Um bombista suicida fez-se explodir à hora a que a multidão abandonava a sala de espetáculos onde Ariana Grande atuou.

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Pedro Filipe Pina
23/05/2017 08:55 ‧ 23/05/2017 por Pedro Filipe Pina

Mundo

Terrorismo

Eram 22h33 quando a primeira chamada de urgência chegou. No espaço de minutos seguiram-se centenas, com variações sobre o mesmo relato: uma explosão à porta da Manchester Arena tinha feito vítimas. Temia-se o pior. E confirmou-se: as autoridades estão a tratar o caso como um ataque terrorista, um que terá envolvido “um homem” que se fez explodir.

Até ao momento, há 22 mortes e 59 feridos confirmados. Entre estes encontram-se crianças e adolescentes.

O Reino Unido tem sido palco de ataques com armas brancas. No passado mês de março um homem atropelou várias pessoas junto à ponte de Westminster. O ataque de ontem à noite, no entanto, é o mais mortal desde o trágico 7 de julho de 2005, quando mais de 50 pessoas morreram num atentado no metro de Londres à hora de ponta.

Tal como na altura a hora escolhida não foi acaso, o mesmo terá acontecido desta vez. A explosão ocorreu precisamente numa altura em que as pessoas estavam a sair da Manchester Arena, uma sala com capacidade para mais de 20 mil pessoas.

No Twitter surgiram imagens que mostram os momentos de pânico vividos na altura. Num dos vídeos é possível ouvir, a partir de dentro da sala, a violenta explosão que se ouviu lá fora. “O que se passou”, ouve-se uma adolescente a perguntar, enquanto lá fora se começam a ouvir gritos.  

A noite era de concerto de Ariana Grande, uma cantora pop norte-americana habituada a encher grandes salas de espetáculos. A sua tour, ‘Dangerous Woman’, conta com uma data em Portugal: Lisboa, no próximo dia 11 de junho, na maior sala de espetáculos portuguesa, o Meo Arena.

Ariana Grande, numa publicação feita já de madrugada nas redes sociais, confessava-se “destroçada” e “sem palavras”. 

Theresa May, primeira-ministra britânica, já condenou o "ataque terrorista terrível". Juntamente com o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, optou por suspender a campanha para as eleições legislativas “até nova ordem”. De todo o mundo, Portugal incluído, vão surgindo mensagens de apoio de chefes de Estado.

Vários hospitais na zona da Grande Manchester, a segunda área urbana mais populosa do país, a seguir a Londres, receberam vítimas do ataque. Muitas destas vítimas estão a ser tratadas por estilhaços de bomba. Ian Hopkins, responsável da polícia local, não tem dúvidas: Este é “o incidente mais horrendo” que Manchester já viveu em tempos de paz. O estádio de Etihad, casa do Manchester City, foi usado como centro de ajuda pelas autoridades.

Na imprensa britânica surgem histórias de pessoas que, ao fim de várias horas, ainda não conseguiram contactar entes queridos que se encontravam no concerto. Há números de contacto abertos, o Facebook abriu o centro de segurança. A BBC dá conta de quem procure nas redes sociais alguma informação sobre quem estão à procura.

Mas no meio do medo e do caos há também relatos do espírito de entreajuda que rapidamente se gerou, como nos dá conta um cidadão português que trabalha num restaurante perto da Manchester Arena, restaurante esse que desde a primeira hora abriu as portas a quem fugia do local da explosão, oferecendo ajuda na hora mais difícil.

O terror voltou à Europa. Mas no que divide o Velho Continente há também espaço para o que une. Em Bruxelas, 'casa' da Comissão Euorpeia e cidade que viveu de perto o terror nos últimos anos, as bandeiras foram colocadas a meia haste.

"Hoje choramos convosco. Amanhã vamos ripostar lado a lado", afirma-se numa mensagem clara: "Eles subestimam a nossa e a vossa resiliência".

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