Num comunicado, o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, referiu que o líder do Hamas, que controla a faixa de Gaza desde 2007, representa uma "ameaça para a estabilidade no Médio Oriente", bem como "mina o processo de paz" com Israel.
O Hamas figura desde 1997 na lista norte-americana de "organizações terroristas estrangeiras".
Na mesma nota informativa, a diplomacia norte-americana frisou que Ismail Haniyeh "tem ligações estreitas com o braço armado do Hamas [Brigadas Ezzedine Al-Qassam] e é um defensor da luta armada, incluindo contra civis".
"[Ismail Haniyeh] É suspeito de estar envolvido em ataques terroristas contra israelitas", indicou o Departamento de Estado, acusando ainda o Hamas de ser "responsável pela morte de 17 norte-americanos em ataques terroristas".
Esta decisão de Washington acontece numa altura em que o Hamas concluiu, em outubro passado, um frágil acordo de reconciliação com a Fatah, movimento secular e moderado ao qual pertence o presidente da Autoridade Nacional Palestiniana, Mahmud Abbas.
O acordo de reconciliação, que acabou com quase 10 anos de desentendimentos, deu origem ao anúncio de um governo de unidade nacional.
Também ocorre num momento de grande tensão entre os Estados Unidos e os palestinianos, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter reconhecido, em dezembro passado, Jerusalém como capital de Israel.
A questão de Jerusalém é uma das mais complicadas e delicadas do conflito israelo-palestiniano, um dos mais antigos do mundo.
Israel ocupa Jerusalém oriental desde 1967 e declarou, em 1980, toda a cidade de Jerusalém como a sua capital indivisa. Os palestinianos querem fazer de Jerusalém oriental a capital de um desejado Estado palestiniano, coexistente em paz com Israel.
Sobre o reconhecimento norte-americano de Jerusalém, Ismail Haniyeh observou então que "todas as linhas vermelhas" tinham sido "atravessadas", enquanto a Autoridade Palestiniana anunciou que recusará qualquer mediação de Washington nas negociações de paz com Israel.
Em janeiro, os Estados Unidos anunciaram que a contribuição de Washington para a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), um dos principais suportes de Gaza, ia sofrer uma redução substancial.
Decisão que levou o enviado especial da ONU para o Médio Oriente, Nickolay Mladenov, a alertar na terça-feira que a faixa de Gaza, enclave palestiniano sob bloqueio israelita e egípcio, está à beira do "colapso total".
O representante da ONU também defendeu que a solução para Gaza passa pela restauração do poder da Autoridade Nacional Palestiniana naquele território.
O Departamento de Estado norte-americano também colocou hoje outros três grupos na "lista negra" de organizações apoiantes do terrorismo: Harakat al-Sabireen, um movimento palestiniano "ativo na faixa de Gaza e na Cisjordânia" e "apoiado pelo Irão"; Liwa al-Thawra, grupo que surgiu em 2016 no Egito; e Hasm, outra organização egípcia criada em 2015.