Horas depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro ter rejeitado o pedido de habeas corpus do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o Partido dos Trabalhadores (PT) condenou a decisão dos 11 juízes, naquilo que, segundo o partido, constitui um “dia trágico para a democracia e para o Brasil”.
“Nossa Constituição foi rasgada por quem deveria defendê-la e a maioria do Supremo Tribunal Federal sancionou mais uma violência contra o maior líder popular do país, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, afirmou, em comunicado, a Comissão Executiva do PT que considera que “não há justiça nesta decisão”.
"Não há justiça nesta decisão. Há uma combinação de interesses políticos e económicos, contra o país e sua soberania, contra o processo democrático, contra o povo brasileiro", lê-se na nota oficial publicada no site do PT.
A defesa de Lula da Silva pretendia que o ex-presidente, condenado em duas instâncias, pudesse esgotar todos os recursos de que dispõe em liberdade. Negado o pedido de habeas corpus apresentado, Lula da Silva poderá ser preso a qualquer momento, basta, para isso, que o juiz Sérgio Moro dê a ordem de prisão efetiva.
O PT deixou ainda um ataque à Rede Globo, considerando que o STF “ajoelhou-se ante a pressão escandalosamente orquestrada” pela estação brasileira.
Não podemos destruir em definitivo a frágil democracia que ainda nos resta. É preciso que todos tenham responsabilidade e respeitem a Constituição e a presunção de inocência. É inaceitável que a Globo insista em repetir o passado e como vivandeira incite ao golpe.
— Dilma Rousseff (@dilmabr) April 4, 2018
No mesmo sentido, a ex-presidente Dilma Rousseff considerou “inaceitável que a Globo insista em repetir o passado” e a incitar “ao golpe”. “Não podemos destruir em definitivo a frágil democracia que ainda nos resta. É preciso que todos tenham responsabilidade e respeitem a Constituição e a presunção de inocência. É inaceitável que a Globo insista em repetir o passado e como vivandeira incite ao golpe”, escreveu Dilma na rede social Twitter.
Lula da Silva, recorde-se, foi condenado, em segunda instância, pelo Tribunal Regional da 4ª Região (TRF4) a 12 anos e um mês de prisão por ter recebido, alegadamente, um apartamento de luxo como suborno da construtora OAS em troca de favorecer contratos com a Petrobras.
O ex-presidente, que surge em primeiro lugar nas sondagens para as eleições presidenciais, marcadas para outubro de 2018, espera conseguir concorrer, mas o cerco está cada vez mais apertado. No entanto, o PT não parece querer desistir da candidatura e garante que a vai defender “nas ruas e em todas as instâncias, até às últimas consequências”.
“Quem tem a força do povo, quem tem a verdade ao seu lado, sabe que a Justiça ainda vai prevalecer”, remata a Comissão Executiva do PT.