As chamas que começaram na passada sexta-feira a lavrar na Perna da Negra, em Monchique, não dão tréguas, tendo entretanto subido o número de feridos: o total cifra-se em 25, um dos quais em estado grave. Além disso, já foram assistidas 44 pessoas.
Em declarações à agência Lusa, fonte da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) dizia, logo ao início da manhã, que um dos feridos, uma senhora de 72 anos, estava em estado grave e teve de ser transportada de helicóptero para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Segundo Manuel Cordeiro, adjunto de operações nacional da ANPC, até às 05h45 o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) tinha registado 64 ocorrências, com 40 pessoas assistidas (12 civis e 28 agentes da proteção civil).
"Neste momento a situação é muito mais favorável do que foi durante a noite", mas mantêm-se "situações que são sensíveis e merecem preocupação", detalhou o segundo comandante operacional distrital de Faro, Abel Gomes, na conferência de imprensa que teve lugar perto das 10h00.
Durante a noite houve várias projeções do incêndio
Manuel Cordeiro explicara já à Lusa que, ao início da manhã, o incêndio progredia em duas frentes: uma em direção a Caldas de Monchique, Podalgais e Vale do Boi e outra a avançar em direção à freguesia de São Marcos da Serra.
O fogo ladeou durante a noite a barragem de Odelouca e ao início da manhã de hoje progredia em direção à Estrada Nacional 124 (Sul), tendo sido colocadas no terreno diversas máquinas de rastro para tentar travar o avanço das chamas.
O responsável da ANPC disse que houve durante a "noite várias projeções" deste incêndio, sobretudo em Caldas de Monchique, e que as chamas obrigaram a evacuar as localidades de Caldas de Monchique, Rasmalho, Monchicão, Barranco do Banho e Montinho.
Manuel Cordeiro sublinhou ainda o "importante papel" do pelotão de militares no apoio à GNR na evacuação destes aglomerados populacionais.
Pessoas retiradas de suas casas pernoitaram em escola
As pessoas retiradas de suas casas foram levadas para uma escola, onde pernoitaram, tendo muitas lamentado o facto de terem sido obrigadas a sair das suas habitações, deixando tudo para trás face à ameaça do fogo.
Durante, a noite, refira-se, houve ainda a necessidade de evacuar uma unidade hoteleira, com os hóspedes a ser distribuídos por dois outros hotéis junto a Alvor, disse à Lusa um funcionário.
De acordo com este funcionário do Macdonald Monchique Resort & Spa, a ocupação estava a 70%.
Pelas 07h30, estavam no terreno 1.017 operacionais, apoiados por 307 viaturas e um meio aéreo (kamov) estava já a caminho. Os helicópteros aguardavam para poder levantar voo e ajudar nas operações, uma vez que o intenso fumo do incêndio lhes retirava visibilidade.
"Ninguém conseguiu dormir. O ar está irrespirável"
A vila de Monchique amanheceu hoje debaixo de uma nuvem de fumo. "Ninguém conseguiu dormir. O ar está irrespirável e a preocupação é muita", diz à agência Lusa Jorge Santos, residente, perspetivando um resto de dia "muito complicado".
O incêndio em Monchique, recorde-se, deflagrou cerca das 13h30 de sexta-feira, em Perna da Negra, no concelho de Monchique. Na manhã desta segunda-feira, era o único que lavrava no país.
Embora esteja prevista uma descida das temperaturas, são cerca de 70 os concelhos que enfrentam risco máximo de incêndio ao longo do dia.
[Notícia atualizada às 10h10]