O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, é o rosto da revolta e indignação dos professores, hoje em manifestação nacional. À antena da RTP, o dirigente acusou o ministro da Educação de não ser “politicamente sério” e considerou “intolerável” a sua declaração em que afirmou que nas negociações com os sindicatos houve flexibilidade apenas do lado do Governo.
“O senhor ministro sabe que o que se passou foi outra coisa: o ministro e o Governo tiveram uma posição que foi ilegal e o que foi aprovado ontem [o decreto lei que determina o tempo de recuperação de dois anos e tal] foi ilegal”, declarou Mário Nogueira, que apelou ao Presidente da República para que não promulgue o decreto aprovado ontem em Conselho de Ministros.
“Mas se assim acontecer, que os grupos parlamentares, através da representação parlamentar o alterem, e portanto, cumpram a lei do orçamento”, instou, considerando esta uma questão de justiça e de lei.
Questionado sobre se esta não seria uma derrota pessoal (uma vez que os professores exigem um tempo de recuperação de nove anos, quatro meses e dois dias), o secretário-geral da Fenprof foi perentório: “Só é derrotado quem não luta. E os professores sabem que eu luto muito”. E aproveitou para relembrar outras lutas bem sucedidas mas demoradas.
“Os professores ganharam sempre, o que nunca ganharam foi de um dia para o outro”, frisou, garantindo que os professores “vão ganhar esta luta”. “E quem vai sair derrotado não é este ministro, é este Governo, e vai ver se as urnas não vão dizer isso dentro de um ano”, avisou.
Mário Nogueira não tem dúvidas de que o PS vai sentir nas legislativas o peso da “desconsideração” e do “desrespeito” que tem tido pelos professores. “Acho que este partido que está no Governo tem já lições suficientes disso”, disse. “Pode ter uma certeza, e eu tenho-a, os professores vão ganhar mais esta luta. Porque os professores têm razão”, firmou ainda, deixando no ar outras formas de luta e uma ameaça: “Cá se fazem, cá se pagam”.