Ao observar os estragos causados e ao comparar "os dados de radar com os das estações IPMA e com outras não oficiais, devem ter ocorrido valores na ordem dos 180 a 190 km/hora", a 10 metros do solo, à semelhança do que aconteceu em dezembro de 2009 na região Oeste, disse à agência Lusa a meteorologista do IPMA Margarida Belo Pereira.
A meteorologista adiantou que "já foram analisados preliminarmente os padrões de radar, que indiciam que os valores podem ter sido superiores" ao máximo de 176km/hora, registado na estação meteorológica da Figueira da Foz/Vila Verde, do IPMA.
A especialista em fenómenos extremos explicou que "a forma como o vento varia em torno da depressão não é igual em todos os locais, varia de sítio para sítio", por isso, os ventos que se estima serem na ordem dos 180 a 190 km/hora não foram registados pelas estações meteorológicas do IPMA existentes.
O Leslie está "no top três das tempestades atlânticas com os valores mais elevados de vento" registados em Portugal, disse Margarida Belo Pereira.
Na Figueira da Foz, a rajada de 176km/hora foi a mais elevada registada nas estações meteorológicas do IPMA, em Portugal.
A 17 de outubro de 2015, foi registada uma rajada de 169km/hora no Cabo da Roca, em Sintra, no distrito de Lisboa, e a 23 de dezembro de 2009, uma rajada de 142km/hora, na região Oeste, dividida entre os distritos de Lisboa e Leiria.
A meteorologista esclareceu que o Leslie não foi o primeiro furacão a atingir Portugal Continental, lembrando que o primeiro foi, em 2005, o furacão Vince, que se transformou em tempestade tropical ao aproximar-se do território.
Contudo, as rajadas de vento mais elevadas registadas nesse ano pelas estações meteorológicas foram de 68km/hora em Faro e Vila Real, no Algarve, e de 78km/hora em Jerez, já no sul de Espanha.
A passagem do furacão Leslie por Portugal, no sábado e domingo, onde chegou como tempestade tropical, provocou 28 feridos ligeiros e 61 desalojados.
A Proteção Civil mobilizou 8.217 operacionais, que tiverem de responder a 2.495 ocorrências, sobretudo queda de árvores e de estruturas e deslizamento de terras.
O distrito mais afetado pelo Leslie foi o de Coimbra, onde a tempestade, com um "percurso muito errático", se fez sentir com maior intensidade, segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil.