Visivelmente emocionado com a presença de milhares vindos para Roma para o Jubileu dos Jovens e que agora permanecem por causa do funeral de Francisco, o também antigo coordenador da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa destaca a união entre a juventude católica e a prática do Papa.
"Certamente na história nunca tivemos um funeral de um Papa envolvido por milhares de jovens do mundo inteiro e eu acho que é um sinal de Deus de que nós não podemos deixar de fazer um esforço suplementar para estarmos conectados com os jovens", afirmou Aguiar.
A presença de tantos fiéis em Roma -- estima-se num milhão no sábado, por ocasião do funeral -- "é emocionadamente bonito", disse, com a voz embargada o cardeal.
"É particularmente bonito que o Papa Francisco tinha tanto carinho pelos jovens e esta decisão de canonizar o Carlo Acutis", um influencer digital que morreu precocemente com leucemia, era um exemplo desse fervor, e cuja cerimónia foi entretanto cancelada.
"Quando foi o anúncio da morte, foi muita tristeza que invadiu toda a gente", mas "agora vamos descobrindo esta beleza desta mega celebração que não tem o Acutis, mas tem algo que supera essa circunstância".
Depois da Jornada Mundial da Juventude, alguns setores da Igreja desligaram-se, "parece que se desligou o Wi-Fi nas paróquias, das dioceses" e "parece que voltámos ao costume".
Pelo contrario, o cardeal defende que a Igreja tem de olhar para os jovens: "nós temos que nos superar, temos que estar em saída, temos que sujar as mãos, temos que arregaçar as mangas e as calças para irmos para o lodo, para irmos para a vida" e "para a vida real dos jovens".
Cada Papa "tentou ser sensível à realidade da vida dos seus contemporâneos" e o "Papa Francisco fez isso de maneira extraordinária", ao "se identificar e entender as feridas, os gritos, as prioridades, as urgências e as emergências do mundo de hoje", disse ainda.
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