Em declarações à agência Lusa, Graça Freitas disse que o sucedido "não põe em causa a saúde pública", explicando que "é um surto que acontece" e que diz respeito ao hospital resolver a situação, usando "o procedimento normal perante uma doença muito contagiosa que é de fácil resolução".
"É uma doença cutânea muito contagiosa e quando surge um caso obviamente outras pessoas podem ser infetadas. Enquanto a medicação faz efeito é natural que o hospital tenha optado por isolar algumas pessoas, mas isso é um procedimento perfeitamente normal", declarou à Lusa.
A diretora-geral de Saúde vincou que a situação "foi devidamente identificada" e "tomadas as medidas necessárias", não especificando, por esse motivo, o número de afetados.
O Sindicato dos Enfermeiros denunciou hoje um surto de sarna no serviço de ortopedia do Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, que já atinge uma dezena destes profissionais, comprometendo o funcionamento daquela unidade.
Segundo disse à Lusa o presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SE), José Azevedo, "o serviço está a funcionar com dificuldades", até pela sua especificidade de trabalhar com doentes com pouca ou nenhuma mobilidade, afirmando ser necessário um reforço de pessoal.
Disse ainda que os cerca de 10 enfermeiros atingidos pelo surto de sarna "foram mandados para casa, com folgas por baixo da mesa, em vez de atestados ou baixas, para não ficar nada registado".
Sem certezas sobre a extensão do surto, José Azevedo admitiu que possa haver também doentes afetados com sarna.
Contactado pela Lusa, o Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, a que pertence o Hospital São Francisco Xavier, respondeu ao fim da tarde num curto comunicado que a situação está controlada.
"De facto, foi admitido doente com escabiose [sarna], e que, tendo-se diagnosticado, foram tomadas as medidas necessárias e feitos tratamentos preventivos ou curativos em doentes ou profissionais, estando a situação completamente controlada".
Sem se referir à situação dos enfermeiros, levantada pelo SE, nem ao número de profissionais ou utentes afetados, o comunicado acrescenta apenas que "os hospitais do SNS recebem doentes, qualquer que seja a sua proveniência, idade, capacidade financeira, doença que sejam portadores ou estado de higiene".
O surto teve início em 20 de novembro, segundo o sindicato que hoje questionou a administração do hospital sobre as medidas já tomadas, a informação prestada aos profissionais de saúde e se garante que os enfermeiros que agora estão em casa não terão que compensar os turnos que falharam devido ao problema.
O presidente do SE criticou ainda que aos enfermeiros afetados tenha apenas sido entregue uma loção de tratamento, com resultados mais lentos que os comprimidos que o sindicato entende que deveriam ter sido dados, por serem mais eficazes, apesar de mais caros.