Cerca de uma centena de manifestantes estiveram esta manhã concentrados na rotunda de Francos, mas por volta das 10:45 começaram a desmobilizar daquele local, dirigindo-se a pé em direção à rotunda da Boavista.
Antes de chegaram à rotunda, na rua 5 de Outubro, foram parados pela polícia, o que gerou alguns momentos de tensão, mas alguns participantes conseguiram furar esse bloqueio pelas traseiras da Casa da Música.
Em declarações à agência Lusa, um dos porta-vozes dos lesados afirmou que o grupo está "solidário com esta manifestação" e que, por isso, resolveram aderir ao protesto, antecipando a manifestação que estava agendada para dia 22, em Belém.
"Somos solidários com os 'coletes amarelos' porque fomos vítimas de corrupção, roubo e falsas promessas do PS", disse António Silva, acrescentando que também estão contra o "aumento do custo de vida e os baixos salários".
Um outro lesado, emigrante em França e que exibia uma bandeira francesa, justificou que está nesta manifestação pela mesma razão e para denunciar a sua causa.
"É mais uma ocasião para denunciar a corrupção, as promessas do PS e o roubo que fizeram às pessoas", acrescentou o homem, que afirmou ser "parisiense há 48 anos".
Por isso mesmo se fez acompanhar pela bandeira azul, branca e vermelha.
"E porque o dinheiro que cá me roubaram é dinheiro de França e que eu ganhei em França", sublinhou.
Enquanto estiveram na rotunda de Francos, os protestantes iam fazendo cortes temporários de trânsito, colocando-se na passadeira.
De vez em quando alguns condutores paravam os carros e vestiam os seus coletes, o que gerou um grande entusiasmo entre os manifestantes, que aplaudiam e gritavam palavras de ordem.
Também já por diversas vezes foi entoado o hino nacional.
Apesar de agora ali estarem menos pessoas do que ao início da manhã, o protesto no Porto ainda conta com à volta de uma centena de pessoas nas ruas, constatou a Lusa no local.
Um outro "colete" ouvido pela Lusa lamentou que a adesão não tenha sido maior, considerando que "é a união que faz a força".
"Estávamos à espera de mais gente. Somos poucos, mas somos bons", disse.
O BES, tal como era conhecido, acabou em agosto de 2014, deixando milhares de pessoas lesadas devido a investimentos feitos no banco ou em empresas do Grupo Espírito Santo (GES).
O Banco de Portugal, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num 'banco bom', denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos no BES, o 'banco mau' ('bad bank'), sem licença bancária.
Os protestos dos "coletes amarelos" em Portugal foram convocados por vários grupos através das redes sociais, com inspiração nos movimentos contestatários das últimas semanas em França.
Um dos grupos, Movimento Coletes Amarelos Portugal, num manifesto divulgado na quarta-feira, propõe uma redução de impostos na eletricidade, com incidência nas taxas de audiovisual e emissão de dióxido de carbono, uma diminuição do IVA e do IRC para as micro e pequenas empresas, bem como o fim do imposto sobre produtos petrolíferos e redução para metade do IVA sobre combustíveis.