Coube ao primeiro-ministro a abertura do debate quinzenal na Assembleia da República. O tema escolhido para a discussão foi a estratégia e gestão integrada de fogos rurais e, na sua intervenção inicial, António Costa adiantou que a nova lei orgânica da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) permitirá integrar nos quadros "256 elementos da Força Especial de Bombeiros que, com a duplicação dos elementos GIPS da GNR, reforçam a componente de profissionalização que o Estado assegura no dispositivo de combate a incêndios".
"Mas este esforço do Estado em nada desvaloriza o papel inestimável dos corpos de bombeiros que serão sempre a espinha dorsal do nosso sistema de proteção civil", acrescentou o primeiro-ministro.
Referindo que o Governo está a apostar na profissionalização e promovendo a progressiva especialização dos agentes que se ocupam da prevenção e combate aos incêndios, acrescentou que a parte da prevenção já tem uma afetação de dois terços do reforço orçamental de 212 milhões de euros, assegurados desde 2016.
António Costa precisou ainda que foi reforçada a proteção social dos bombeiros voluntários, investindo-se em 69 quartéis de bombeiros, "foram constituídas em 18 meses tantas equipas de intervenção permanente como nos 18 anos anteriores, dispondo agora o país de um total de 344 equipas, envolvendo permanentemente 1734 bombeiros".
Lembrando o ano trágico de 2017 quando morreram mais de cem pessoas nos fogos quando a "sociedade portuguesa reconheceu as limitações de um sistema centrado no combate" com a "paisagem entregue a si própria", Costa apelou a "uma gestão ativa da floresta e dos interfaces com as aldeias" e à modificação dos comportamentos "precavendo em especial queimas e queimadas que causam mais de metade dos incêndios".
No final da sua intervenção, na qual foi aplaudido duas vezes pela bancada socialista, o primeiro-ministro apelou "a uma mobilização nacional para esta causa, fundamental para Portugal para a revitalização do interior, a mitigação das alterações climáticas e para as futuras gerações".
'Fantasma' Joe Berardo chega pela voz do Bloco de Esquerda
"Eu acho que o país está seguramente todo chocado pelo desplante com que o senhor Joe Berardo respondeu na semana passada nesta Assembleia da República", disse António Costa em resposta à líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins.
O primeiro-ministro salientou que "a atual gestão da Caixa, nomeada por este Governo, acionou o senhor Joe Berardo para pagar à Caixa o que deve à Caixa. E aquilo que tenho a desejar é que, naturalmente, a justiça funcione e que o que é devido seja obviamente pago, porque não há nenhuma razão para que a Caixa Geral de Depósitos [CGD] perdoe qualquer tipo de crédito, designadamente não perdoe créditos a quem tem a obrigação estrita de os pagar", notou.
Na opinião de Catarina Martins, o banco foi "completamente irresponsável" neste caso. A bloquista falou também num "esquema" por parte de Joe Berardo, que incluiu "manobras, trafulhice e prejuízos para o Estado".
Recorde-se que o empresário madeirense foi ouvido no Parlamento na última sexta-feira, onde disse que é "claro" que não tem dívidas, e confirmou que a garantia que os bancos têm é da Associação Coleção Berardo, e não das obras de arte. Mais, disse Joe Berardo, a garantia dada à CGD são os títulos da Associação Coleção Berardo, e não das obras de arte em si.