"O PDM [Plano Diretor Municipal] de Coimbra tem de ser respeitado", alertou o autarca socialista, durante a sessão de hoje do executivo municipal, pouco depois de ter tido "conhecimento, através da agência Lusa", de que a administração do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) propôs ao Ministério da Saúde que a nova maternidade seja construída no perímetro dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).
Salientando que a zona dos HUC está sobrecarregada de tráfego e sem capacidade de estacionamento e sob forte pressão urbanística, Manuel Machado voltou a defender que "a solução exequível" para instalar a nova maternidade é na área do "Hospital dos Covões, na Quinta dos Vales", na margem esquerda do Mondego.
No Hospital dos Covões (que, tal como os HUC e outros estabelecimentos, integra o CHUC), "há um edifício disponível", embora precise, "naturalmente, de ser reabilitado", disse Manuel Machado, destacando que a localização nos HUC implica a construção de um edifício de raiz, "ao que parece" na área das urgências.
O Governo recebeu uma proposta para que a nova maternidade de Coimbra se localize no perímetro dos HUC, afirmou hoje a ministra da Saúde, salientando que todos os estudos técnicos apontam para essa solução.
Questionada pela agência Lusa sobre a localização da nova maternidade da cidade, a ministra da Saúde, Marta Temido, referiu hoje, em Coimbra, que a tutela recebeu "muito recentemente" uma proposta do Conselho de Administração do CHUC que aponta para uma solução que passe pelo atual perímetro dos HUC.
Sobre o facto de a Câmara e Assembleia municipais e a Comunidade Intermunicipal defenderem a sua localização no Hospital dos Covões, a ministra frisou que "os estudos técnicos e todas as opiniões técnicas vão num determinado sentido, que é o da maternidade ser implantada no perímetro dos HUC.
"Agora, é dar o passo a seguir, trabalhar no programa funcional e construir a nova maternidade, porque ninguém nos perdoaria se permanecêssemos arreigados àquilo que são as nossas perspetivas institucionais e prolongássemos por mais tempo esta necessidade de ter uma nova maternidade que responda à população que é servida por duas maternidades [Bissaya Barreto e Daniel de Matos] muito boas tecnicamente, muito capazes do ponto de vista dos seus profissionais, mas que estão, em termos de instalações, em condições muito débeis há algum tempo", vincou a ministra, que falava aos jornalistas à margem da iniciativa do CHUC "O que é importante para si?".
Na mesma ocasião, o presidente do CHUC, Fernando Regateiro, disse aos jornalistas que o Hospital dos Covões não teria dimensão nem respostas para um serviço de obstetrícia e neonatologia, "inseridos num hospital de apoio perinatal diferenciado".
"Quando se fala deste tipo de hospital, estamos a falar de tudo o que é um hospital com todas as respostas que uma mulher grávida precisa quando adoece", frisou, salientando que nos HUC estão todas as equipas das diversas especialidades e os recursos materiais e analíticos sempre prontos a intervir numa situação de emergência de uma grávida que adoeça.
A responsabilidade do CHUC "é criar condições de segurança para uma grávida que adoeça", considerando que não se pode "duplicar, a meia dúzia de quilómetros [nos Covões], respostas que são de uma complexidade extraordinária, até porque nem há meios humanos, físicos ou tecnológicos".
"Não pactuarei com esta solução", assegurou, ainda durante a reunião da Câmara, Manuel Machado, afirmando que "não acompanha nem quer acompanhar" o CHUC nesta posição, resultante de "estudos feitos à última hora" e de valia científica que questiona.
"É inaceitável" que este processo "seja tratado deste modo, sem que a Câmara", que é "a entidade responsável pelo ordenamento do território, seja ouvida", concluiu.
Também o vereador da CDU, Francisco Queirós, se referiu ao assunto, assumindo uma posição, que "é rara, mas às vezes acontece", subscrevendo "na íntegra as palavras" do presidente do município.
"Não faz qualquer sentido mais uma unidade de saúde naquele espaço [dos HUC] que, do ponto de vista urbanístico, já é demasiado complicado", sublinhou Francisco Queirós.
Já o vereador social-democrata Paulo Leitão teme que o anúncio feito hoje seja mais uma manobra de diversão sobre a nova maternidade em Coimbra, que "é urgente" e não pode continuar a ser adiada.