"Porventura, os problemas que mais nos afligem no dia a dia da responsabilidade política são aqueles que têm a ver com a sorte dos nossos compatriotas espalhados pelo mundo", afirmou o chefe de Estado, nas comemorações do 10 de Junho na Cidade da Praia, em Cabo Verde.
Numa cerimónia na Escola Portuguesa, em que também discursou o primeiro-ministro, António Costa, o Presidente da República referiu que nem todos os emigrantes portugueses "têm a felicidade de poder viver num país irmão que é excecionalmente bom anfitrião" como Cabo Verde.
"Há comunidades portuguesas que vivem em países atravessados por guerras ou por crises económicas ou financeiras, ou em que é muito difícil praticar a língua, integrar a cultura, ultrapassar situações sociais ou económicas", disse.
Sem dar exemplos, Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou que "há preocupações e tristezas, há problemas na vida de tantas e tantos deles, que batem à porta quando menos se espera".
"O nosso pensamento e o nosso coração está com eles, neste momento", declarou.
Antes, o Presidente da República fez questão de "formalmente agradecer" aos imigrantes cabo-verdianos "aquilo que têm feito por Portugal" e concordou com a ideia defendida pelo primeiro-ministro de que sem os jogadores com origem em Cabo Verde a seleção portuguesa de futebol não teria vencido o Campeonato da Europa e a Liga das Nações.
O chefe de Estado também expressou orgulho nos cerca de 21 mil portugueses que residem nas várias ilhas cabo-verdianas, que no seu entender "têm sido excecionais" no contributo "para o progresso de Cabo Verde" e para a "fraternidade entre Portugal e Cabo Verde".
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, os dois países têm em comum a mais-valia estratégica de ser "plataformas entre culturas, civilizações, oceanos e continentes", capazes de "fazer pontes entre realidades muito diversas", e por isso se entendem tão bem.
No início da sua intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa falou sobre a sua amizade com o Presidente cabo-verdiano, de quem foi colega na faculdade, e da frequência com que ambos se deslocam ao país um do outro: Jorge Fonseca "passa lá a vida" e no seu caso esteve em Cabo Verde "uma dúzia de vezes" no último ano.
"Portanto, estamos num bom ritmo de reciprocidade de entendimentos e de presença física", observou.