Rosa Grilo diz que foi por "medo" que não denunciou morte do marido

Rosa Grilo assumiu esta terça-feira que foi por "medo" dos homens que alegadamente mataram o seu marido que não denunciou o crime às autoridades, agindo sempre no sentido de dar credibilidade à tese do desaparecimento de Luís Grilo.

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Lusa
10/09/2019 19:52 ‧ 10/09/2019 por Lusa

País

Homicídio

 

O Tribunal de Loures começou esta terça-feira o julgamento de Rosa Grilo e António Joaquim, acusados pelo Ministério Público da coautoria do homicídio do triatleta Luís Grilo, marido da arguida.

Da parte da manhã, Rosa Grilo reiterou que o marido foi morto na casa do casal, no concelho de Vila Franca de Xira, por "três indivíduos" angolanos devido a negócios com diamantes, acrescentando que Luís Grilo foi morto à sua frente com dois tiros na cabeça, em 16 de julho do ano passado.

Da parte da tarde, contou ao tribunal de júri que, pelas 20h00 desse dia, já depois do seu marido estar morto e de ter sido enrolado em sacos do lixo e de ter sido levado por dois dos alegados autores do crime para Benavila, no concelho de Avis, distrito de Portalegre, onde o corpo foi encontrado, se dirigiu ao posto da GNR para dar conta do desaparecimento de Luís Grilo.

A arguida disse que regressou a casa cerca de quatro horas depois, período durante o qual deixou o seu filho, menor, sozinho em casa com o "assassino" do seu marido, justificando que "fez o que lhe mandaram". Disse que também limpou os vestígios de sangue em casa e que se desfez de roupa, nomeadamente de lençóis, que também tinham sangue.

Para sustentar a tese do desaparecimento, Rosa Grilo assumiu que também se desfez da bicicleta com a qual o marido e triatleta fazia os treinos, levando-a para debaixo da ponte de Vila Franca de Xira, assumindo que nunca entrou em pânico e que sempre tentou agir naturalmente.

Dois dias após o homicídio, e depois de os supostos autores do crime terem abandonado a arma de António Joaquim no escritório, Rosa Grilo foi devolvê-la ao arguido, com quem assumiu manter em tribunal uma relação extraconjugal.

A arguida explicou que levou a arma para a sua habitação "às escondidas" da casa do arguido, para se sentir "mais segura", na sequência de uma conversa que teve com o marido, durante a qual Luís Grilo lhe terá dito que tinha feito "um disparate" relacionado com a entrega de diamantes e na qual teria um papel de intermediário.

"Quando restituí a arma ao António [Joaquim] não lhe contei o que se passou. Não queria envolver mais ninguém, colocar mais ninguém em perigo", justificou Rosa Grilo, admitindo que devia ter contado ao arguido o que se tinha passado assim como denunciar o crime às autoridades.

Três dias após o homicídio de Luís Grilo, o arguido António Joaquim dormiu na casa de Rosa Grilo pois a arguida "estava com medo".

"Mas aí estava a colocar o António em risco?", questionou a presidente do coletivo de juízes. "Não pensei nisso", respondeu a arguida.

A presidente do coletivo de juízes manifestou alguma incredulidade perante a versão completa apresentada pela arguida, questionando-a sobre os motivos que a levaram a ter esta atitude e a "atrasar a atuação da polícia", ainda por cima quando se sentia "insegura", tendo a arguida respondido sempre que foi por "medo", alegando que continuava a ser perseguida e controlada pelos homens.

O tribunal perguntou ainda à arguida se não se lembrou que a arma do arguido, que se encontrava na garagem e que foi descoberta pelos supostos criminosos, quando aí foram procurar os diamantes, poderia conter impressões digitais da pessoa que matou o seu marido.

Uma prova, segundo a presidente do coletivo de juízes, que "poderia dar a possibilidade de identificar quem matou o marido". Rosa Grilo respondeu que "não se lembrou".

Para a arguida, a arma do crime foi uma das que estava na posse dos três alegados autores do homicídio, e não a de António Joaquim, contrariando a acusação do Ministério Público, que atribui a António Joaquim a autoria do disparo sobre a vítima na presença da arguida.

Sobre o edredão encontrado junto ao cadáver, Rosa Grilo acredita que os alegados autores do homicídio se deslocaram uma segunda vez à casa da avó, em Benavila, nessa ocasião já com o corpo do marido, e aí recolheram o edredão, pois tinham ficado com a chave nessa manhã do dia do crime, depois de terem ido com arguida ver se encontravam nessa habitação os diamantes, o que não aconteceu.

O julgamento prossegue pelas 9h30 de 17 de setembro com a continuação da audição de Rosa Grilo.

 

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