"Pela importância histórica destes jornais, pretendemos candidatá-los a Memória do Mundo, que é o programa da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) para os documentos", disse João Palmeiro.
O presidente da Associação Portuguesa de Imprensa falava, na sexta-feira, durante a inauguração de uma exposição conjunta de jornais centenários do Brasil e Portugal, que estará patente ao público até 17 de novembro na Galeria Baobá, no campus da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) no Recife, capital do estado brasileiro de Pernambuco.
João Palmeiro considerou que agora é preciso pôr de acordo das comissões nacionais da UNESCO do Brasil e Portugal, manifestando ainda a expectativa de poder vir a envolver neste projeto a comissão nacional espanhola para que "dentro de muito pouco tempo" a UNESCO reconheça este acervo dos jornais centenários.
Para esse esforço, o presidente da API pediu o apoio da Fundação Joaquim Nabuco, uma instituição pública de ensino e investigação ligada ao Ministério da Educação do Brasil, tendo recebido, de imediato, do presidente da fundação, António Campos, também presente no evento, a garantia de assessoria técnica na preparação da candidatura.
Sublinhando o facto de a UNESCO ter aprovado na quinta-feira, o 05 de maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa, João Palmeiro considerou que os jornais centenários que se continuam a publicar são expressão "mais viva da língua portuguesa".
Múcio Aguiar, da Associação da Imprensa de Pernambuco, sublinhou a importância do trabalho que as duas organizações que representam os proprietários de jornais vêm fazendo há três anos para aproximar a imprensa dos dois países.
"Para que não tenhamos apenas uma língua comum, mas uma imprensa em diálogo", disse.
A mostra "Jornais Centenários do Brasil e Portugal: um legado cultural" reúne 52 jornais com tiragens há mais de um século em circulação no Brasil e em Portugal. São 18 títulos brasileiros e 34 portugueses.
A mostra é realização da Associação Portuguesa de Imprensa em parceria com a Associação da Imprensa de Pernambuco (AIP) e a Fundaj e é apoiada pelo Real Hospital Português e Gabinete Português de Leitura.
O Diário de Pernambuco, o jornal mais antigo de língua portuguesa e cuja primeira edição, com quatro páginas, surgiu a 07 de novembro de 1825 com a missão de ser um diário de anúncios, é o destaque da exposição, que apresenta igualmente títulos como "O Figueirense", fundado em 1919 e que é o centenário mais recente, o "Açoriano Oriental" ou "Cruzeiro do Sul".
*** A agência Lusa viajou para o Recife a convite do Departamento de Cultura e Turismo de Pernambuco em parceria com a Associação Portuguesa de Imprensa e Associação da Imprensa de Pernambuco ***