"Neste momento, já passámos um milhar, mais de mil eventos registados. É uma zona [ao largo do Faial] que com alguma recorrência tem incrementos da atividade sísmica. Só este ano, 2019, este corresponde ao terceiro incremento da atividade sísmica neste setor. Não estamos a experienciar, com este incremento da atividade, algo que é diferente ou raro de acontecer", assinalou Rui Marques.
Em declarações à agência Lusa, o investigador apontou que esta não é uma situação "anormal", tendo em conta que acontece "periodicamente".
O presidente do CIVISA disse ainda que o início desta "crise sísmica" ocorreu em 3 de novembro, por volta das 16h00 locais (menos uma hora que no continente português), numa zona identificada como "sismogénica" situada num cumprimento de 25 a 35 quilómetros a oeste da ilha do Faial.
Para Rui Marques, o número de eventos registados e sentidos pela população são duas "características diferenciadoras" que acontecem com "alguma frequência", mas estão acima dos "valores de referência".
"Acontece com alguma frequência, mas não são aqueles que são os valores de referência. Temos duas características diferenciadoras nesta crise sísmica. Por um lado, o número de eventos num tão curto espaço de tempo, por outro o número de eventos que foi sentido pela população até ao momento, que são 19", afirmou.
O presidente do CIVISA frisou ainda que os Açores, por se situarem na "junção tripla das placas tectónicas", registam "muita sismicidade", existindo "de quando em vez" algumas zonas do arquipélago com "mais atividade".
"Quem acompanha periodicamente o mapa de sismicidade que disponibilizamos à população, se for uma pessoa mais atenta, vai percebendo que, de quando em vez, vão havendo algumas zonas do arquipélago que têm mais atividade. Neste momento, esta zona ao largo do Faial é a zona com mais atividade"
Rui Marques apela à população para manter a "serenidade", até porque a crise sísmica "está a correr relativamente distante" do Faial.
"As pessoas devem manter a serenidade, fazer a sua vida normal e estar atentas às informações oficiais. Esta crise sísmica está a ocorrer relativamente distante da ilha do Faial, não estamos a falar numa crise sísmica próxima da ilha", ressalvou.
O presidente do CIVISA destacou ainda que não é possível avançar com uma data para o fim da crise sísmica porque é "extremamente imprevisível": "É impossível prever se vai acabar daqui a dois dias ou dois meses", frisou.
Durante este período, o sismo mais intenso ocorreu a 5 de novembro, teve magnitude de 4,4 na escala de Richter e foi sentido nas três ilhas do triângulo: Faial, Pico e São Jorge.
Este sismo de magnitude 4,4 foi classificado com a intensidade de IV (segundo a escala de Mercalli modificada, que vai de I a XII, aumentando conforme o grau de intensidade) nas freguesias de Matriz, Angústias, Conceição e Ribeirinha, concelho de Horta (ilha do Faial), e nas freguesias de Santo António e São Roque do Pico, concelho de São Roque do Pico (ilha do Pico).
Os sismos são classificados segundo a magnitude, de acordo com a escala de Richter, como micro (menos de 2,0), muito pequeno (2,0-2,9), pequeno (3,0-3,9), ligeiro (4,0-4,9), moderado (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grande (7,0-7,9), importante (8,0-8,9), excecional (9,0-9,9) e extremo (quando superior a 10).
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