O hacker português Rui Pinto, criador do Football Leaks que está em prisão preventiva desde 22 de Março do ano passado e que vai ser julgado por 90 crimes - tentativa de extorsão, acesso ilegítimo, acesso indevido, violação de correspondência e sabotagem informática - poderá estar envolvido na fuga de informação de mais de 715 mil ficheiros que deram origem ao projeto de investigação Luanda Leaks. Pelo menos, segundo a edição do Público deste sábado, é nisso que a Polícia Judiciária portuguesa acredita.
Os dados contidos nos documentos foram analisados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) foram divulgados pela PPLAAF, uma plataforma de protecção de denunciantes africana, com sede em Paris.
Ora, um dos argumentos apresentados pelos investigadores da PJ é que um dos fundadores e presidente da plataforma é o francês William Bourdon, um dos advogados de defesa de Rui Pinto. Um dos co-fundadores da PPLAAF, o advogado francês Henri Thulliez, revelou ao mesmo jornal que a organização tinha recebido os documentos que deram origem à investigação sobre a fortuna de Isabel dos Santos em finais de 2018, inícios de 2019 - uma altura em que o denunciante português ainda se encontrava em liberdade em Budapeste, na Hungria.
Além disso, muitos dos documentos divulgados faziam parte do processo de Rui Pinto, que se encontra em julgamento, bem como de outros inquéritos ainda sob análise. "Os documentos estavam guardados nos dispositivos de armazenamento de dados - discos rígidos, pens, computadores - que foram apreendidos ao pirata português na Hungria e que as autoridades portuguesas já conseguiram aceder", refere a publicação.
Recorde-se que a investigação foi levada a cabo por vários órgãos de comunicação social internacionais - como o The Guardian, a BBC e pelo jornal Expresso, em Portugal - e que contou com mais de 120 jornalistas, apurou as centenas de benefícios conseguidos por Isabel dos Santos durante a presidência de José Eduardo dos Santos, seu pai.