É "temporária" solução de habitação em contentores no sudoeste alentejano

O Governo disse hoje que a habitação em contentores de trabalhadores das explorações agrícolas no Perímetro de Rega do Mira (PRM), no sudoeste alentejano, é uma solução "temporária e excecional", reconhecendo que a situação é "grave".

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Lusa
19/02/2020 12:20 ‧ 19/02/2020 por Lusa

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Numa audição parlamentar, requerida pelo PAN, sobre a habitação dos trabalhadores imigrantes no PRM, que abrange os concelhos de Odemira, no litoral alentejano, e Aljezur (Algarve), na costa vicentina, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, reconheceu que a solução dos contentores "não é ideal, não é perfeita, antes pelo contrário".

Garantindo que "não se legalizou nenhuma situação ilegal", Pedro Nuno Santos explicou que a utilização de contentores para a habitação dos trabalhadores temporários das explorações agrícolas é uma resposta "temporária e transitória para que se chegue a uma solução definitiva", o permitiu melhorar uma situação habitacional "profundamente degradante".

Indicando que foram instaladas 270 unidades amovíveis para habitação, em que cada unidade alberga 16 pessoas, numa "espécie de gueto que aproveita a mão-de-obra e não as pessoas", a deputada do PAN Cristina Rodrigues considerou "inaceitável" que a solução transitória possa vigorar até ao período máximo de 10 anos.

Consciente do problema, o ministro disse que há um grupo de trabalho para encontrar uma solução definitiva para os trabalhadores sazonais, referindo que é difícil dar resposta "em pouco tempo" a esta situação de habitação indigna, assim como de outras que existem em todo o país.

Apesar de o prazo para uma solução definitiva ser de uma década, Pedro Nuno Santos adiantou que o grupo de trabalho tem 180 dias para encontrar uma solução urbanística para os trabalhadores temporários das explorações agrícolas inseridas no PRM.

Relativamente aos trabalhadores permanentes e residentes em Portugal, o governante esclareceu que podem ser integrados no 1.º Direito - Programa de Apoio ao Acesso à Habitação, que até 2024 deve dar resposta às carências habitacionais no país, através das estratégias locais de habitação dos municípios.

De acordo com o ministro, 154 municípios já entregaram ou estão a elaborar as estratégias no âmbito do 1.º Direito, nomeadamente a autarquia de Odemira, que está a preparar a estratégia local de habitação.

Destacando como boa notícia o crescimento económico através das explorações agrícolas no PRM, a deputado do PSD Filipa Roseta acusou o Estado de ter falhado a estas pessoas que trabalham nestes territórios de baixa densidade, assim como "falharam as câmaras de Odemira e de Aljezur", e defendeu que "nunca se legaliza uma solução temporária sem se saber qual vai ser a solução definitiva".

Em resposta, o ministro das Infraestruturas e da Habitação frisou que a situação no PRM é "muito complicada" e que a solução de habitação em contentores é uma resposta de urgência, "com a mesma rapidez que a urgência exige".

"Temos que dar resposta a este problema da mesma forma que temos que dar resposta a todos os portugueses" com dificuldades de acesso à habitação, declarou o governante.

Da bancada do PS, a deputada Marina Gonçalves recordou que as condições de habitação degradantes oferecidas a estes trabalhadores não é um problema de hoje, porque "o Estado falhou durante anos", enaltecendo o papel deste Governo na melhoria das "condições degradantes em que estes trabalhadores estavam" através de uma solução temporária.

A deputada do BE Maria Manuel Rola disse que o problema é "ambiental, de ordenamento do território e de direitos humanos" e alertou para a "proliferação deste tipo de estruturas por todo o país", porque a agricultura intensiva está a aumentar em Portugal.

Do PCP, o deputado João Dias reforçou que nenhuma das situações destes trabalhadores imigrantes é digna, expressando que "não é o Estado quem falha, quem falha são as escolhas políticas", e questionado sobre quem está a acompanhar a instalação destes contentores para habitação.

Já o deputado do CDS-PP João Gonçalves Pereira considerou que a solução excecional "de temporária acaba por ter pouco", lamentando o prazo máximo de 10 anos para uma resposta definitiva e advertindo que a situação de indignidade humana se mantém.

 

 

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