Ressalvando que "importa não entrar em alarmismo", o vereador responsável pelos pelouros da Proteção Civil e da Higiene Urbana da Câmara de Lisboa, Carlos Manuel Castro, adiantou que a autarquia já fez "o trabalho prévio".
"Já temos um plano de contingência que, em caso de necessidade, será ativado. Já estamos devidamente preparados", referiu, durante a reunião pública da Câmara de Lisboa, que decorre nos Paços do Concelho, salientando que o plano diz respeito exclusivamente aos serviços da autarquia.
Carlos Manuel Castro notou que a Câmara Municipal de Lisboa tem "serviços sensíveis" em que os cuidados terão de ser duplicados, mas insistiu que "já foi feito o trabalho de casa".
Durante a reunião do executivo autárquico foi também aprovada uma moção da vereadora eleita pelas listas do PSD Teresa Leal Coelho sobre o "plano de contingência municipal para o controlo do Coronavírus" (Covid-19).
A pedido do presidente da autarquia, Fernando Medina (PS), os pontos da moção foram votados separadamente, tendo sido aprovada por unanimidade a proposta para a utilização dos canais de comunicação da Câmara para "divulgação das medidas de prevenção e dos procedimentos em caso de suspeita de contaminação".
Com a abstenção do vereador do BE, Manuel Grilo, foi igualmente aprovada a proposta para promover nas instalações municipais ou de gestão municipal, como escolas, centros de saúde e outros locais de acesso ao público, ações de divulgação e de prevenção adequadas a prevenir eventuais riscos de contaminação.
O primeiro ponto da moção foi rejeitado, tendo contado apenas com os votos a favor do PCP, do CDS-PP e de Teresa Leal Coelho.
Neste ponto era deliberado que o município devia "instar a Direção Geral de Saúde a divulgar o plano de contingência para a cidade de Lisboa, adequado às eventuais ameaças para a população que circula na cidade" e a avaliar a necessidade de controlos no aeroporto de Lisboa e também nos terminais dos navios cruzeiro de pessoas oriundas de locais onde existem focos da infeção Covid-19.
Durante a discussão do texto, o presidente da Câmara de Lisboa justificou o seu voto contra, argumentando que não cabe à autarquia dar 'instruções' sobre esta matéria à Direção Geral de Saúde.
Na reunião desta tarde da Câmara de Lisboa foi também aprovado por unanimidade um voto de solidariedade apresentado pelo vereador do BE, Manuel Grilo, para com a "comunidade chinesa que vive e trabalha em Lisboa e a luta que tem travado no combate ao estigma e à discriminação".
No voto, a autarquia saúda ainda "as iniciativas promovidas pela comunidade chinesa em colaboração com as entidades de saúde portuguesas, no sentido de prevenir a doença em Lisboa e Portugal".
No texto é recordado que o novo coronavírus foi identificado pela primeira vez em humanos, no final de 2019, na cidade chinesa de Wuhan, província de Hubei.
"Devido a esta nova doença, a comunidade chinesa tem sido estigmatizada e vista como uma ameaça à saúde", lê-se no voto de solidariedade.
A cidade de Lisboa, é referido, tem "uma forte presença da comunidade chinesa que, neste momento, junta esforços para enviar recursos às suas famílias na China e colabora com as autoridades de saúde portuguesas no sentido de prevenir a doença em Lisboa e Portugal".
O balanço provisório da epidemia do coronavírus Covid-19 é de pelo menos 2.763 mortos e cerca de 81 mil infetados, de acordo com dados reportados por mais de 40 países e territórios. Das pessoas infetadas, quase 30 mil já recuperaram.
A Organização Mundial de Saúde declarou o surto do Covid-19 como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional e alertou para uma eventual pandemia, após um aumento repentino de casos em Itália, Coreia do Sul e Irão nos últimos dias.
Em Portugal, já houve 17 casos suspeitos, que resultaram negativos após análises.
O único caso conhecido de um português infetado pelo novo vírus é o de um tripulante de um navio de cruzeiros que foi internado num hospital da cidade japonesa de Okazaki, situada a cerca de 300 quilómetros a sudoeste de Tóquio.