Luís Marques Mendes falou acerca do surto do novo coronavírus, no seu habitual espaço de comentário no Jornal da Noite da SIC e para o ex-líder do PSD, as autoridades portuguesas têm lidado "globalmente bem" com a situação. "A Direção-Geral da Saúde (DGS) tem tido uma atuação pautada por honestidade, transparência e informação. Acho apenas que este fim de semana houve alguma precipitação [nas afirmações em entrevista ao Expresso], mas não devemos crucificar a pessoa. As coisas acontecem", considerou.
Para Marques Mendes, a entrevista que Graça Freitas que deu ao Expresso "foi um pouco precipitada". Quanto ao cenário lançado de um milhão de infetados, o comentador referiu que, "as pessoas depois não distinguem entre cenários e previsões". "Fica a ideia - um milhão. Ainda não temos sequer um [caso]. Cria uma ideia de alarmismo", frisou.
As autoridades "devem alertar, informar, mas não ajudar a reforçar o medo ou o pânico", afirmou, sublinhando que "um milhão de infetados, felizmente, não há sequer no mundo inteiro".
"Acho que as autoridades, no essencial, têm estado bem e nós devemos confiar, não podemos colocar tudo em causa, temos de admitir que as instituições estão preparadas" para lidar com o surto de Covid-19 que já matou quase 3 mil pessoas em todo o mundo.
O comentador pensa que "mais dia menos dia vamos ter um infetado" e, nesta altura, "há uma certa histeria", mas "temos de ter prudência" e "evitar o pânico e o medo": "Não podemos desvalorizar a situação mas também não podemos dramatizar".
Quanto a impactos associados ao novo coronavírus, Luís Marques Mendes diz que "estamos perante um risco sério", sendo que "há razão para forte preocupação no domínio económico". "Não nos devemos precipitar - ninguém sabe a dimensão do abrandamento económico que vai existir. Mas que vai haver abrandamento no mundo inteiro e na Europa com reflexo também em Portugal é quase inevitável. Só não sabemos a dimensão", referiu.
Para o comentador da SIC, os "sinais estão todos aí", com as quedas "brutais" das bolsas esta semana, o turismo altamente preocupado, o consumo em queda e as exportações também a ressentirem-se: "Itália está próxima de uma recessão, a Alemanha pode entrar em recessão. As grandes economias europeias que já não estão bem podem ficar ainda pior. E isto sim é sério."
E isto "é por causa do coronavírus", mas, de acordo com Marques Mendes, "podemos ter aqui uma pequenina tempestade perfeita, ou seja, ser situação explosiva" com uma situação humanitária, recordando a situação que também se vive na fronteira entre a Grécia e Turquia.
De recordar que foram registados, nas últimas 24 horas, 15 novos casos suspeitos do Covid-19 em Portugal, informou a Direção-Geral da Saúde (DGS) no mais recente boletim informativo acerca do surto. No total, houve no nosso país 85 casos suspeitos, dos quais 73 tiveram resultado negativo. Os restantes 12 estão ainda à espera dos resultados.