O primeiro-ministro António Costa reuniu-se por videoconferência, esta terça-feira, com todos os líderes europeus, para articularem medidas para prevenir e reduzir os impactos económicos e sociais da epidemia. No final do encontro, em declarações aos jornalistas, o chefe do Governo anunciou que foram identificadas "quatro prioridades fundamentais".
"Trocar informações para podermos conter a expansão desta epidemia; [a aplicação de] medidas para assegurar abastecimentos em todos os países de forma a evitar o fechamento dos mercados; [uma] ação coordenada na investigação tendo em vista a criação de uma vacina [contra o Covid-19]; [e, um] conjunto de medidas para evitar que esta epidemia atinja o emprego, e o rendimento das famílias".
Na perspetiva do primeiro-ministro, "o pior que podia acontecer é juntar a uma crise sanitária agora também uma crise económica", considerando que todos têm de se "empenhar coletivamente para evitar" que isto aconteça.
Neste sentido, foi generalizado o "consenso" de todos para o reforço de "25 mil milhões de euros" do plano de estabilidade e para a adoção de "todas as medidas para afastar esta situação de epidemia e assegurar que a economia continua a funcionar e a assegurar o emprego e o rendimento das famílias".
Explicou António Costa que esse apoio será destinado “a mecanismos de garantia para as PME’s”, para “adotar medidas em setores críticos, como a aviação, e o turismo”. "Aquilo que é o espírito muito claro é que temos de adotar todas as medidas, quer para a existência de linhas de crédito com garantias de Estado, quer a criação de condições para que as empresas possam renegociar com a banca empréstimos e poder haver uma moratória nos seus pagamentos, quer as medidas que já propusemos relativamente a poder haver adiamento de pagamentos ao Estado de forma a aumentar a liquidez, de acelerarmos os processos de contratação pública para conseguirmos ajudar a fomentar o investimento e também a liquidez das empresas", destacou o primeiro-ministro.
Espero que fique retido na memória de todos para que daqui a dois anos ninguém venha a dizer que se fez mais do aquilo que se devia fazer"O chefe do Governo revelou ainda que "houve acordo de todos" para que a "adoção destas medidas garanta que não há reversão [das mesmas] e evitar o risco de nova recessão" e para que "dentro de dois anos ninguém venha dizer que se fez mais do que se devia".
Rectificativo? Economia não ficará "imune", mas Governo foi "prudente"
Garantindo que não há "nenhuma razão para alterar as medidas do documento aprovado na Assembleia da República" em novembro, António Costa assegurou também que "não, não está previsto nenhum" Orçamento Rectificativo.
O que, na opinião de Costa, prova que está a ser bem sucedida a "política orçamental prudente" que o Executivo aplicou de "não dar um passo maior do que a perna". "Temos que imaginar que em qualquer momento podem surgir imprevistos que alteram a situação, quando apresentámos [o Orçamento do Estado] em novembro ninguém previa esta crise do coronavírus".
A evolução económica não ficará imune a esta crise, mas isto demonstra bem que convém ser prudente porque nunca sabemos qual o imprevisto que vai surgir"
Reforçando que estamos perante uma situação que pode durar mais "três semanas" ou "prolongar-se por vários meses", António Costa garantiu que "qualquer português, esteja onde estiver, contará com o nosso apoio", e aos que estão em território nacional deixou também uma palavra: "Gostaria de renovar o apelo que é fundamental fazer. Nesta fase de contenção, ela depende do comportamento de todos e de cada um de nós".
A terminar, António Costa garantiu que "não vai cancelar" a sua deslocação amanhã à Alemanha para reunir com a chanceler Merkel.
[Notícia atualizada às 20h14]