Depois de fazer referência aos dados desta sexta-feira, que dão conta de mais 37 mortes face a ontem, o secretário de Estado da Saúde lembrou que "estamos no mês mais crítico desta pandemia" e que a renovação do Estado de Emergência nos "obriga a todos a um esforço adicional na luta contra o vírus". "Por isso, nunca é demais lembrar: não podemos vacilar". "A maior prova da nossa união é o nosso isolamento", frisou.
Feita a primeira nota, António Sales abordou o "aumento da testagem de infeção", algo que "continua a ser uma prioridade do Ministério da Saúde".
De 1 de março a 1 de abril, disse o responsável, " foram processadas cerca de 86 mil amostras para diagnóstico de Covid-19". Só no dia 1 de abril, especificou, foram processadas cerca de 7.900 amostras.
"Para além do aumento da capacidade de resposta, estamos também a diligenciar para melhorar o tempo dessa resposta junto dos laboratórios convencionados", assegurou.
"Sabemos que a aquisição permanente de equipamentos de proteção individual para uso dos nossos profissionais de saúde é crucial", sublinhou. Em termos de encomendas, adiantou o governante, "está prevista a chegada faseada de 24 milhões de máscaras cirúrgicas até final de abril e de 1.8 milhões de máscaras FF P2 até final de maio".
Ao mesmo tempo, "contaremos também com a produção interna": "A indústria nacional tem mostrado disponibilidade para adaptar a sua capacidade produtiva para equipar o sistema de saúde", sublinhou, aproveitando para saudar essas empresas pela capacidade de adaptação em cenário de crise, mantendo empregos e, simultaneamente, ajudando o Serviço Nacional de Saúde.
António Sales referiu ainda que o Ministério da Saúde e o Ministério da Economia criaram um catálogo com as orientações técnicas para colocação no mercado destes equipamentos que têm de garantir as normas de segurança, que são depois validadas e fiscalizadas pelo Infarmed e pela ASAE. Assim, as empresas podem inscrever-se em covid19.in-saude.pt para iniciar a sua produção de máscaras, zaragatoas, luvas, entre outros equipamentos. Neste momento, indicou, "estão inscritas 100 empresas que aguardam validação das autoridades".
Respondendo às perguntas dos jornalistas, António Sales sublinhou que a formação de profissionais de saúde para lidarem com casos de Covid-19, nomeadamente casos mais graves em que os doentes necessitem de ser entubados, "está a ser feita". "Obviamente que estamos a aproveitar todos os profissionais de saúde, a maioria dos quais já teve, ou tem, experiências em Unidades de Cuidados Intensivos".
Por isso, "recuperámos alguns profissionais que estavam já nos cuidados primários e outros em diferentes serviços nos cuidados diferenciados". O secretário de Estado referiu que é "evidente" que há especialidades que devem ser priorizadas, além dos intensivistas, dos anestesistas, dos pneumologistas, dos médicos de medicina interna. "Essa formação está a ser dada e estamos a aproveitar todos os recursos que temos disponíveis com estas competências", garantiu.
Sobre a testagem nas grávidas, Graça Freitas esclareceu que "uma coisa é a gravidez ao longo do seu percurso" em que as mulheres são acompanhas de acordo com aquilo que é considerado a "melhor prática". "Diferente é na altura em que vai ocorrer o parto em que, de facto, deve ser feito um teste". Sobre se o pai pode ou não assistir ao parto, se a mulher for positiva Covid-19, essa decisão, mediante as condições, caberá à equipa médica, esclareceu. "Acho que deve imperar o bom senso e a decisão clínica no momento", sublinhou.
Completando uma resposta da diretora-geral de Saúde sobre a melhoria da capacidade de resposta, António Sales destacou que "tem havido uma melhoria contínua na Linha de Saúde 24". "Ontem foram recebidas 19.263 chamadas e foram atendidas 15.420, em números únicos, 10.982, com tempo médio de espera de 5 minutos e 52 segundos", revelou.
DGS vai repensar recomendação sobre uso das máscaras?
Sobre o uso de máscaras generalizado pela população, questão que tem gerado polémica e discordâncias, Graça Freitas lembrou que a DGS tem dito sempre que Portugal está alinhado com as recomendações da OMS, do Centro Europeu de Controlo de Doenças e a literatura médica e científica".
"E sempre dissemos que se houvesse evidências novas, nós faremos de acordo com as mesmas. Dito isto, o que nós sabemos inequivocamente, à data, é que não há uma única medida que seja completamente eficaz", realçou.
Ou seja, continuou, "é apenas no conjunto de medidas que conseguimos aplanar a curva e baixar o número de casos". Nesse sentido, Graça Freitas defendeu que "nenhuma medida isolada que possamos tomar, seja qual for, é a medida milagrosa".
"Usar uma máscara, se vier a ser recomendado internacionalmente, nós obviamente seguiremos as recomendações, não nos vai impedir do distanciamento social", garantiu, dando o exemplo de Whuan, na China. Por lá, a determinada altura, "as pessoas pura e simplesmente não andavam na rua, nem com máscara nem sem máscara. Estavam confinadas à sua residência". E assim deve acontecer por cá.