"Não faz sentido expulsar os transplantes hepáticos ou renais e os doentes oncológicos do Curry Cabral para o transformar em 'hospital covid'. Já enviamos os nossos argumentos aos grupos parlamentares porque, de forma alguma, podemos aceitar e não podemos parar", disse hoje à Lusa Teresa Custódio do Grupo de Transplantados do Hospital Curry Cabral (GTHCC).
O grupo lançou na madrugada de segunda-feira a petição "Pela manutenção do tratamento dos grupos de risco durante pandemia" dirigida ao Presidente da República, primeiro-ministro, Direção Geral da Saúde, Ministério da Saúde e ao Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC).
Hoje de manhã a petição tinha mais de 1.500 assinaturas.
"Não podemos aceitar e não concordamos com as respostas porque se for por uma questão de segurança as condições de segurança também existem no Curry Cabral e existem condições para criar circuitos limpos", acrescentou a peticionária.
Na segunda-feira, o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central esclareceu que a transferência do transplante hepático do hospital Curry Cabral para Santa Marta decorre da necessidade de garantir aos doentes "a máxima segurança" durante a pandemia covid-19.
O Santa Marta será "um hospital livre de covid-19, de forma a nele concentrar os doentes, que, como os transplantados, exigem cuidados especiais", afirma o CHULC num esclarecimento enviado à agência Lusa, recordando que este "é o único centro no país a realizar transplante pulmonar" e onde ocorre também transplante cardíaco.
"A transferência do transplante hepático nesta fase decorre da necessidade de garantir aos doentes a máxima segurança", sublinhou o CHULC.
Neste sentido, afirmou o CHULC, o Santa Marta assume "um conjunto de regras excecionalmente rigorosas e uma sala adicional para a realização de transplantação" que será terminada até ao final desta semana, sendo que a mudança de equipamentos e a reorganização de equipas já está a decorrer com normalidade.
O Grupo de Transplantados do Hospital Curry Cabral que mantém a petição, alerta que há "quase três mil doentes de transplante hepático na unidade hospitalar" e questiona "frontalmente" as posições do CHULC.
"Porque é que deixam ficar os transplantes renais e a hemodiálise no Curry Cabral? Há perigo para uns e não há perigos para outros? Não se justifica e não se percebe. Vamos deixar os problemas oncológicos parados? Vamos deixar morrer pessoas", interroga Teresa Custódio.