"Os alunos da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) vão engrossar as fileiras dos profissionais de saúde que estarão de plantão neste 'Hospital Porto.'", disse hoje à Lusa fonte da FMUP.
Este hospital de campanha destina-se a receber doentes infetados com covid-19, assintomáticos ou com sintomas ligeiros, mas sem possibilidade de isolamento no domicílio.
Apoiados pelas direções das faculdades, os alunos afirmam ter-se voluntariado por quererem fazer parte da solução para esta pandemia.
"Foi-nos lançado este desafio e, tendo em mente que um estudante da FMUP no final do curso consegue prestar já um apoio diferenciado neste tipo de situações, não podemos ficar parados. Acreditamos que podemos ser uma mais-valia para o hospital de campanha, enquanto aproveitamos para complementar a nossa formação e contactar com mais alguns doentes, salvaguardando sempre a segurança de todos", explica, em comunicado, Nuno Ferreira, presidente da Associação de Estudantes da FMUP.
Também o presidente da Associação de Estudante do ICBAS, João Silva, afirma que a iniciativa foi "muito bem recebida pelos estudantes", sendo a sua contribuição "proveitosa tanto para a comunidade como para os próprios estudantes, que adquirem competências que lhes podem valer num futuro próximo".
Antes de enfrentarem os desafios da pandemia, os estudantes (cerca de três dezenas da FMUP e duas dezenas do ICBAS) vão receber formação por parte da Secção Regional Norte da Ordem dos Médicos (SRNOM).
António Sarmento, diretor do Serviço de Doenças Infecciosas do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) e professor da FMUP, é um dos responsáveis pela formação dos finalistas da FMUP e do ICBAS.
"A formação incidirá sobre as noções básicas que os profissionais de saúde devem conhecer sobre esta nova doença, os potenciais sinais de alarme de agravamento do quadro clínico dos doentes e os cuidados específicos que deverão ter na abordagem dos doentes com covid-19, com especial enfoque nos equipamentos de proteção individual e sua adequada utilização, para que a integridade de nenhum estudante seja colocada em risco", explica a SRNOM.
Destes estudantes é esperada uma colaboração muito semelhante à dos estágios que se realizam no 6.º ano do curso, com o trabalho médico normal de internamento, passagem de visita, avaliação dos doentes e elaboração dos diários clínicos. Os estudantes participarão ativamente, estando integrados em equipas com médicos mais velhos e experientes, capazes de os orientar.
De acordo com a Ordem dos Médicos/Norte, o contributo que será dado pelos finalistas será "uma ajuda muito apreciada" por todos os profissionais de saúde que, "de forma absolutamente voluntária e altruísta", irão participar nesta iniciativa para aliviar a sobrecarga que já se sente no Centro Hospitalar Universitário São João (CHUSJ) e no Centro Hospitalar Universitário do Porto (CHUP).
O diretor da FMUP, Altamiro da Costa-Pereira, considera a iniciativa "extremamente oportuna", acrescentando que "a participação voluntária dos finalistas é algo que só poderá enobrecer tanto a sua formação médica como pessoal".
Também Henrique Cyrne Carvalho, diretor do ICBAS, considera a participação dos estudantes "muito enriquecedora", permitindo aos estudantes "em fase profissionalizante adquirirem competências profissionais que, seguramente, vão constituir um marco nas suas vidas".
As direções da FMUP e do ICBAS estão a assegurar uma extensão do seguro escolar desses estudantes, "para que estejam tão protegidos quanto possível", durante o seu trabalho voluntário dedicado à população afetada por covid-19.
O "Hospital Porto." dispõe de 300 camas para doentes covid-19, podendo ser usadas por doentes infetados e com necessidade de cuidados médicos devido a outras patologias, e para doentes em fase de convalescença.
A Câmara do Porto, com o CHUSJ e o CHUP, são responsáveis pela logística, enquanto o conselho regional da Ordem dos Médicos tem a seu cargo a gestão hospitalar desta unidade.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,5 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 87 mil.