Autoridade de Saúde dos Açores: "Temos de aprender com esse erro"

O responsável da Autoridade de Saúde Regional dos Açores rejeitou hoje que as falhas de comunicação relativas ao incumprimento do confinamento por parte de ex-reclusos na ilha de São Miguel, devido à covid-19, coloque em causa a credibilidade das autoridades.

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© Reprodução Facebook / RTP Açores

Lusa
22/04/2020 21:53 ‧ 22/04/2020 por Lusa

País

Ex-reclusos

"Tendo sido identificados e tendo sido colocados na unidade hoteleira, é porque, efetivamente, o sistema funcionou e conseguimos localizá-los e trazê-los na mesma para a unidade hoteleira para agora aguardarmos o resultado da sua análise laboratorial", afirmou Tiago Lopes, em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, no ponto de situação diário sobre a evolução do surto de covid-19 na região.

Dois ex-reclusos libertados de um estabelecimento prisional no continente português não ficaram em confinamento numa unidade hoteleira à chegada à ilha de São Miguel, como os restantes passageiros que aterram na região, com autorização do delegado de Saúde de Ponta Delgada, tendo-se deslocado à vila de Rabo de Peixe, no concelho da Ribeira Grande.

A falha foi, entretanto, detetada e os homens foram conduzidos pela PSP ao hotel, mas na terça-feira Tiago Lopes admitiu tratar-se de outros dois ex-reclusos, libertados do Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo, que tinham testado positivo por covid-19.

A correção da informação transmitida só foi feita ao final da noite de terça-feira e hoje de manhã o executivo açoriano exonerou o delegado de saúde.

Questionado sobre uma possível perda de credibilidade das autoridades de saúde e policiais face a este episódio, o responsável disse que se as autoridades não tivessem agido os dois ex-reclusos "estariam a monte", em paradeiro desconhecido.

"Temos de aprender com esse erro e seguir em frente", sublinhou.

Segundo Tiago Lopes, a autorização para que não fossem submetidos a confinamento numa unidade hoteleira terá sido dada com base na prestação de falsas declarações por parte dos ex-presos.

"Apesar de terem afirmado que tinham feito o teste de diagnóstico no continente, o mesmo não se verificou e, por essa via, não poderia ser dada a autorização para não fazerem o cumprimento da quarentena", explicou.

Interrogado sobre a transposição das barreiras dos cercos sanitários de Ponta Delgada e Ribeira Grande, na ilha de São Miguel, o responsável da Autoridade de Saúde Regional disse que a situação estava a ser apurada junto das forças de segurança, para "prevenir a sua ocorrência num futuro próximo".

"Terão chegado por outras vias de circulação que não aquelas que estão a ser controladas", admitiu.

Os dois ex-reclusos, que foram libertados ao abrigo do perdão de penas, serão agora submetidos a testes de despiste de infeção pelo novo coronavírus.

De acordo com a Autoridade de Saúde Regional, foram libertados ao abrigo do perdão de penas 66 reclusos nos Açores (três na Horta, 22 em Angra do Heroísmo e 55 em Ponta Delgada) e foi atribuída licença de saída administrativa a outros 14, em Ponta Delgada.

Oito desses ex-reclusos que estavam na ilha Terceira foram transferidos para São Miguel e dois para o do Pico, para onde também se deslocou um dos ex-reclusos da Horta (Faial).

Segundo Tiago Lopes, já foram testados por infeção pelo novo coronavírus 30 ex-reclusos e 25 aguardam por colheita de amostras ou resultados laboratoriais, estando os restantes a ser contactados.

No Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo, de onde saíram os dois ex-reclusos com teste positivo por covid-19, serão testados todos os detidos e guardas prisionais, tendo sido já recolhidas todas as amostras.

Desde o início do surto foram confirmados 138 casos de covid-19 nos Açores, 111 dos quais atualmente ativos, tendo ocorrido 19 recuperações (oito em São Miguel, seis na Terceira, quatro em São Jorge e uma no Pico) e oito mortes (em São Miguel).

A ilha de São Miguel é a que registou mais casos (100), seguindo-se Terceira (11), Pico (10), São Jorge (sete), Faial (cinco) e Graciosa (cinco).

A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 179 mil mortos e infetou mais de 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios. 

Em Portugal, morreram 785 pessoas das 21.982 registadas como infetadas, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

 

CYB // SR

Lusa/Fim

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