"A quarentena é sempre 14 dias, portanto só a partir do 15.º dia é que podem voltar para a comunidade", disse à Lusa Maria Helena Almeida, delegada de saúde da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT).
Todos os hóspedes retirados do 'hostel', na Avenida Almirante Reis, na freguesia lisboeta de Arroios, são "requerentes de asilo, portanto são pessoas estrangeiras, são de várias nacionalidades", indicou a delegada de saúde que está a coordenar as operações de testagem à covid-19 junto desta população em Lisboa.
Em declarações à Lusa, fonte do Conselho Português para os Refugiados (CPR) indicou que, na sexta-feira, foram "rastreados três 'hostels'", em que foram testadas "mais de 100 pessoas" requerentes de asilo, o que resultou na identificação de casos positivos num dos alojamentos.
Fonte do CPR confirmou que há 16 pessoas infetadas que foram alojadas na Mesquita Central de Lisboa, indicando que foram ainda isoladas outras 36 pessoas por terem estado em contacto com os infetados, pelo que foram abrigados na Pousada da Juventude de Lisboa.
Segundo a delegada de saúde da ARSLVT, os hóspedes do 'hostel' com casos positivos de covid-19 foram separados, de acordo com os resultados.
"Os positivos vão ficar na Mesquita até terem testes de cura positivos, e isso pode demorar mais do que os 14 dias. Entre o 10.º e o 14.º dia vão fazer testes e, de acordo com os testes, serão depois avaliados. Se tiverem positivos, mantêm-se na Mesquita. Se tiveram negativos, saem para a comunidade", explicou Maria Helena Almeida.
Em relação aos 36 hóspedes que tiverem contacto com os casos de infeção, "vão ser vigiados durante 14 dias e, se estiverem assintomáticos, irão para a comunidade a partir do 15.º dia", adiantou a delegada de saúde da ARSLVT.
O 'hostel' será agora alvo de uma descontaminação, segundo fonte dos bombeiros.
Questionado pela Lusa, o presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa, Abdool Vakil, confirmou que a Mesquita de Lisboa acolheu 16 pessoas, adiantando que aquele espaço ficou assim com "lotação esgotada".
Além da operação realizada na sexta-feira, a ARSLVT está hoje a testar famílias requerentes de asilo que vivem em apartamentos em Lisboa, num trabalho conjunto com o CPR, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), a polícia e os bombeiros.
"Os resultados sairão segunda-feira, nunca antes de segunda-feira", referiu Maria Helena Almeida, referindo aos testes realizados hoje às famílias requerentes de asilo.
Em 22 de abril, o CPR admitiu que o aumento dos pedidos de asilo em Portugal provocou a sobrelotação dos seus centros, tendo de recorrer a alojamento externo.
O aumento de pedidos passou de 442 em 2014 para 1.716 em 2019, o que provocou "a sobrelotação dos centros do CPR, levando à necessidade de recorrer a alojamento externo ('hostels', apartamentos e quartos arrendados), também cada vez mais densificado e que nem sempre garante as condições desejáveis", lê-se num comunicado do conselho.
Neste âmbito, o CPR está a estudar respostas de habitação, em conjunto com a Segurança Social e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que não passem pelo alojamento em 'hostels', devido à pandemia da covid-19.
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