O país ficou em choque com o desfecho do desaparecimento de Valentina, a menina de nove anos que andava a ser procurada pelas autoridades e populares em Atouguia da Baleia, em Peniche, desde quinta-feira passada.
O pai, que foi quem deu o alerta do desaparecimento da criança, e a madrasta, foram detidos pela Polícia Judiciária na manhã de domingo, dia em que foi encontrado o corpo de Valentina, sem vida, numa zona de eucaliptal, a cerca de 5 quilómetros de casa, na Serra D'el Rei.
Segundo relatou a Polícia Judiciária de Leiria, na conferência de imprensa de ontem, a menina foi encontrada tapada com arbustos.
Terá sido o pai, de 32 anos, ao ser intensivamente interrogado pelas autoridades, quem indicou o local onde deixara o corpo. Apesar disso, o progenitor terá alegado que a morte aconteceu de forma acidental, hipótese que não convence a Judiciária que acredita estar perante "fortes indícios" de se tratar de um homicídio qualificado e de ocultação de cadáver.
"Estamos a verificar [o cenário da morte], mas claro que terá de ter acontecido em algum contexto de violência", disse o coordenador do Departamento de Investigação Criminal da PJ de Leiria, Fernando Jordão, descartando, "à partida", a tese da morte acidental.
O coordenador da PJ de Leiria adiantou que a morte terá ocorrido "por questões internas do funcionamento da família", escusando-se a revelar mais informações. O responsável esclareceu que esta situação não terá correlação com o desaparecimento da criança numa outra ocasião.
Ainda durante o dia de ontem, a PJ levou a cabo uma reconstituição do crime, levando separadamente os dois suspeitos a casa, local onde as autoridades acreditam que a menina foi morta, e depois à zona onde o corpo foi deixado.
Uma das crianças, a mais velha das que vivia naquela residência, com cerca de 11, 12 anos, terá sido testemunha no caso e pode ser uma prova essencial para o crime de homicídio qualificado. Além de Valentina, viviam com os dois suspeitos outras três crianças (a mais velha, filha da suspeita, as outras duas filhas de ambos). A PJ disse desconhecer se os menores presenciaram o crime que, segundo acredita a Judiciária, aconteceu durante o dia de quarta-feira.
A causa da morte da menina ainda não é conhecida, devendo o resultado da autópsia ser conhecido esta segunda-feira. Apesar disso, os vários meios de comunicação que acompanharam o caso de perto, afirmam que Valentina terá sido asfixiada. Os dois suspeitos devem ser esta segunda-feira interrogados por um juiz de instrução, no Tribunal de Instrução Criminal de Leiria, ficando a conhecer as medidas de coação.
Pai planeava emigrar?
Segundo relataram alguns vizinhos à SIC, o pai de Valentina, Sandro Bernardo, estaria a planear emigrar com a família para a Bélgica, uma viagem prevista para dentro uma semana. A filha ficaria com a mãe, escreve hoje o Público.
As buscas por Valentina, saliente-se, contaram com o envolvimento de "mais de 600 elementos ativos, numa área de percorrida de sensivelmente de quase 4 mil hectares, palmilhada mais do que uma vez em alguns locais".
Entre estes elementos estiveram as valências do destacamento de Intervenção de Leiria e o grupo de intervenção cinotécnico (com cães treinados), de Lisboa, e a equipa de aeronaves remotamente pilotadas da GNR, a PSP, bombeiros, escuteiros e vários civis.
Mãe agradeceu apoio
Ao final do dia de ontem, a mãe de Valentina deixou uma mensagem de agradecimento nas redes sociais. Sónia Fonseca colocou uma foto a preto, com a palavra luto, e uma publicação onde agradece a todos os que ajudaram nas buscas à procura da pequena Valentina.
"Venho por este meio agradecer todas as ajudas que nós foram dadas. As autoridades a todas as pessoas que se ofereceram no modo geral nas buscas da minha filha em meu nome e em nome de toda a minha família muito muito muito obrigada de coração", lê-se na página de Facebook.