Associação pede mais fisioterapeutas nos serviços de saúde

A Associação Portuguesa de Fisioterapeutas (Apfisio) apelou hoje para o reforço destes profissionais em instituições públicas, privadas e em contexto comunitário para responder ao "tsunami" de solicitações que se adivinham na sequência do confinamento domiciliário.

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Lusa
12/05/2020 13:46 ‧ 12/05/2020 por Lusa

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Covid-19

 

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Apfisio afirmou que "o confinamento domiciliário é uma medida preventiva crítica para proteger as pessoas idosas da infeção por coronavírus, mas implica uma redução acentuada dos níveis de atividade física e aumento da adoção de comportamentos sedentários, o que pode conduzir à redução da mobilidade e capacidade funcional, com consequente aumento do risco de desenvolvimento de fragilidade".

Também favorece o surgimento de doenças associadas como obesidade, aumento da pressão arterial, agravamento do nível da glicose, e problemas psicossociais como ansiedade e depressão, disse Adérito Seixas.

Tendo em conta todas as consequências negativas do isolamento e a importância da fisioterapia no "processo de devolver a funcionalidade a estas pessoas, é clara a necessidade de reforço de recursos humanos de fisioterapia" nos hospitais, nos centros de saúde, mas também nas entidades privadas e em contexto comunitário para se "poder dar resposta" às necessidades, afirmou.

Uma resposta que, no seu entender, não está a ser dada neste momento, apesar de os fisioterapeutas continuarem a fazer o seu trabalho nos hospitais e nos cuidados de saúde primários.

Além dos cuidados de saúde que estão a ser prestados é necessário pensar "na capacidade de atuação em pessoas que até estão saudáveis, mas que estão em risco de vir a desenvolver problemas".

Há clínicas e gabinetes de fisioterapia que tentaram fazer este acompanhamento, mantendo o contacto com os utentes, "mas há uma percentagem enorme de pessoas" que ficou sem acesso a estes cuidados porque a maior parte dos fisioterapeutas trabalham em entidades privadas, cuja maioria fechou devido à pandemia, e apenas 10% em instituições públicas.

Esta situação pode ser minimizada com "uma resposta adequada e uma intervenção a larga escala", afirmou, defendendo que as "entidades competentes" têm que "equacionar alternativas de resposta para prevenir o aparecimento de problemas nesta população".

"É muito importante reforçar que a prática de exercício é benéfica (...) além de estimular o movimento, a força, o equilíbrio e a mobilidade" também tem "vantagem em termos imunitários".

"Tem sido demonstrado que o risco de infeção do sistema respiratório superior por coronavírus é potencialmente maior na presença de deficiência do sistema imunológico", sustentou.

Adérito Seixas alertou para os riscos do sedentarismo e lembrou os dados da Organização Mundial da Saúde que indicam que 31% da população mundial maior 15 de anos é fisicamente inativa.

"Populações com comorbidades, como os idosos, devem realizar atividade física diariamente, mantendo o tratamento farmacológico e respeitando as suas eventuais limitações físicas e as recomendações dos profissionais de saúde", alertou.

Advertiu ainda que a redução da resistência muscular e da mobilidade aumenta os riscos de acidentes, nomeadamente as quedas, que "já são um problema nos idosos" e que representam um risco acrescido de mortalidade.

"É muito importante" atuar ainda nesta fase, ajudando os idosos a fazer "exercícios simples" num ambiente seguro, através de um contacto telefónico ou de uma plataforma eletrónica com o fisioterapeuta.

"Cada hora adicional gasta em atividades sedentárias representa um aumento nos gastos em cuidados de saúde", elucidou, defendendo: "Dada a grande prevalência do sedentarismo, o seu combate deve ser incluído no planeamento das políticas de saúde pública".

Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.

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