"A decisão de encerrar a extensão de Várzea foi absurda e ainda é mais absurda por continuar fechada", afirmou à Lusa Henrique Monteiro, presidente da União de Freguesias de Aboadela, Sanche e Várzea.
A Unidade de Saúde de Cuidados Personalizados (USCP) do Marão, transferida em 2010 para a antiga escola primária de Várzea, atende cerca de 3.700 utentes das localidades da encosta poente da serra do Marão.
O autarca assinala a "extrema importância" do equipamento, por servir "uma população cada vez mais envelhecida e com poucas opções de transporte público".
O presidente critica a falta de diálogo das autoridades locais de saúde, junto das quais disse ter tentado evitar o encerramento, no período de confinamento.
"Receamos que se possa ter encontrado um pretexto para encerrar esta unidade, definitivamente. E isso seria inaceitável, porque faz muita falta à população", acentuou.
Em Jazente, o presidente da junta afirma-se também "indignado" com a "falta de diálogo" da tutela.
Carlos Oliveira contou hoje à Lusa que o encerramento do polo de Jazente do USCP de Amarante, que funciona no edifício-sede da autarquia, foi comunicado no dia 13 de março, por correio eletrónico
"A partir daí, todas as tentativas de diálogo com o ACES [Agrupamento de Centros de Saúde] Baixo Tâmega foram infrutíferas. Não atendem os telefones", criticou.
Aquele equipamento, disse, serve várias freguesias da zona da Aboboreira e do vale do rio Ovelha.
Carlos Oliveira receia também que a suspensão daquela resposta de saúde se possa tornar definitiva, lembrando que há seis anos esse cenário chegou a ser equacionado.
"É um receio que nunca foi embora e que agora se agrava", admitiu, enquanto reforçava a importância de reabrir o equipamento.
Fonte da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N) explicou hoje, num esclarecimento à Lusa, que o encerramento dos dois equipamentos ocorreu por não "reunirem condições para a prestação de cuidados em segurança, quer para os profissionais, quer para os utentes", no contexto da pandemia de covid-19.
Sobre a reabertura reclamada pelos presidentes das duas juntas, no caso concreto da UCSP Marão, a ARS-N adiantou que está "a trabalhar para a retoma da atividade para breve, embora condicionado e limitado o acesso, de acordo com os planos de contingência transversais a todas as unidades".
Em relação ao polo de Jazente da UCSP Amarante, a ARS-N adiante que "ainda não estão reunidas as condições para a sua reabertura", sinalizando ser "uma unidade com menos de 500 inscritos que tinha duas manhãs por semana de atendimento médico".
A tutela sinalizou depois que, no contexto da pandemia, "foram feitas articulações com muitas juntas de freguesia e câmaras municipais, em relação à renovação do receituário e outras situações para evitar que os utentes, em particular os mais idosos, saíssem de casa e diminuir a cadeia de transmissão do coronavírus". Foi também, concluiu, "feito o reforço do contacto telefónico com os utentes para resolução de muitas situações passíveis de se resolver à distância".