Tudo o que se sabe sobre os novos desenvolvimentos do caso Maddie

Cidadão alemão foi identificado como suspeito do rapto e homicídio. Está detido na Alemanha mas estava em Portugal quando a menina britânica desapareceu do aldeamento na Praia da Luz, no Algarve, em 3 de maio de 2017.

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Notícias Ao Minuto com Lusa
04/06/2020 08:24 ‧ 04/06/2020 por Notícias Ao Minuto com Lusa

País

Maddie McCann

Há novos desenvolvimentos no caso de Maddie McCann, a menina britânica que desapareceu poucos dias antes de fazer 4 anos, em 3 de maio de 2007, do quarto onde dormia juntamente com os dois irmãos gémeos, mais novos, num apartamento de um aldeamento turístico, na Praia da Luz, no Algarve.

A polícia britânica, em simultâneo com a polícia alemã, lançou, esta quarta-feira, um novo apelo público de informação sobre um homem alemão, suspeito de envolvimento no desaparecimento. O suspeito estará detido na Alemanha mas esteve a viver em Portugal na altura em que tudo aconteceu. 

Atualmente com 43 anos - e a cumprir pena de prisão na Alemanha - terá vivido no Algarve durante períodos entre 1996 e 2007, e registos telefónicos colocam-no na área da Praia da Luz no dia em a criança inglesa desapareceu. 

A Metropolitan Police, que está a investigar o desaparecimento numa investigação designada por 'Operação Grange', identificou uma carrinha caravana branca de marca Volkswagen que o suspeito usou para viver e também um automóvel Jaguar ao qual teria acesso. 

A polícia inglesa identificou ainda dois números de telemóvel, um usado pelo suspeito e que terá recebido uma chamada entre as 19h32 e 20h02 de 3 de maio na zona da Praia da Luz, e outro que iniciou o telefonema e que poderá ser uma "testemunha altamente significativa". 

Quem é o suspeito do rapto de Maddie?

Caucasiano, é descrito como sendo, na altura, magro, com 1,80 metros de altura e com cabelo louro curto, e terá vivido entre o Algarve e a Alemanha entre 1995 e 2007

No apelo público divulgado esta quinta-feira, a polícia britânica identifica dois veículos que terão sido usados pelo suspeito, nomeadamente uma carrinha caravana Volkswagen T3 Westfalia do início dos anos 1980, branca com uma risca amarela na parte de baixo e com matrícula portuguesa. 

O homem alemão terá vivido na carrinha entre pelo menos abril e maio de 2007 e a polícia espera receber informações de pessoas que tenham visto este veículo na zona da Praia da Luz antes ou depois de 3 de maio, quando a criança inglesa desapareceu. 

Um segundo veículo, um Jaguar XJR 6 de matrícula alemã, terá sido também usado pelo suspeito, mas no dia 4 de maio o registo de propriedade foi transferido para outra pessoa na Alemanha, apesar de as autoridades britânicas acreditarem que na altura o carro ainda estava em Portugal. 

Os dois veículos estão atualmente na posse das autoridades alemãs, que estão a colaborar na investigação, tal como a Polícia Judiciária, que tem jurisdição sobre o território português. 

"O nome deste homem era conhecido da nossa investigação"

O sub-comissário Adjunto da Metropolitan Police, Stuart Cundy, disse também ontem que o suspeito passou a interessar aos investigadores na sequência de um apelo público em 2017, no âmbito do 10.º aniversário do desaparecimento. 

"O nome deste homem era conhecido da nossa investigação. Não vou dar detalhes sobre como era conhecido, mas já era conhecido antes de recebermos informação nova em 2017. Desde então temos continuado a trabalhar de forma muito próxima com colegas em Portugal e na Alemanha", afirmou. 

Este homem é a atual linha de investigação da polícia britânica, que chegou a identificar 600 "pessoas de interesse" e outros quatro suspeitos, que foram descartados após serem interrogados buscas realizadas em terrenos em Portugal. 

Por sua vez, o Bundeskriminalamt (BKA), o Departamento Federal de Policia Criminal da Alemanha, confirmou, em comunicado, estar a investigar um cidadão de 43 anos, acusado de vários crimes de abuso sexual de menores, pelo desaparecimento de Madeleine McCann.

"No passado, o suspeito já tinha sido condenado a pena privativa de liberdade, duas vezes por abuso sexual de crianças do sexo feminino", adianta.

O investigador Christian Hoppe, do BKA, revelou que Madeleine McCann pode ter sido alvejada quando o suspeito assaltava o apartamento da família e que possa estar morta.

Numa entrevista à estação televisiva ZDFHoppe não descarta ainda assim o sequestro da criança, nem um ataque provocado por motivos sexuais, mas sublinha que a investigação indica que "a criança está morta".

"Não podemos excluir essa possibilidade. Mas também é possível que o suspeito, depois de uma intenção inicial de roubo, tenha depois cometido um crime sexual", avançou.

"Eventual intervenção, no desaparecimento da criança, de um cidadão alemão"

Já a Polícia Judiciária (PJ) portuguesa também adiantou ontem que prosseguem em Portugal diligências no âmbito da investigação ao desaparecimento de Maddie, confirmando as suspeitas de envolvimento de um cidadão alemão detido.

"Em estreita articulação com as Autoridades Alemãs (BKA) e Inglesas (Metropolitan Police), na partilha de informação, na realização de atos formais de investigação e de perícias, em Portugal e no estrangeiro, foram recolhidos elementos que indiciam a eventual intervenção, no desaparecimento da criança, de um cidadão alemão", informa a Polícia Judiciária portuguesa numa nota publicada na sua página oficial na Internet.

De recordar que a PJ reabriu a investigação em 2013, depois de o caso ter sido arquivado pela Procuradoria Geral da República em 2008, ilibando os três arguidos, os pais de Madeleine, Kate e Gerry McCann, e um outro britânico, Robert Murat

Pais com esperança de "descobrir a verdade e levar os responsáveis à justiça"

Os pais de Madeleine McCann manifestaram ontem a esperança de encontrar a filha desaparecida em Portugal, "descobrir a verdade e levar os responsáveis à justiça", na sequência de um apelo público da polícia britânica sobre um novo suspeito na investigação. 

"Tudo o que sempre quisemos foi encontrá-la, descobrir a verdade e levar os responsáveis à justiça. Nunca deixaremos de ter esperança de encontrar Madeleine viva, mas seja qual for o resultado, precisamos saber, pois precisamos ter paz", referiram Kate e Gerry McCann, num depoimento publicado.

O casal agradece às polícias envolvidas na investigação, que incluem a britânica Metropolitan Police, a alemã Bundeskriminalamt e a portuguesa Polícia Judiciária. 

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