"news_bold"> "De certo modo, assusta-me, preocupa-me, ver os populismos que entre nós também se foram manifestando, que aliás, naufragaram com a pandemia", disse José Ornelas, defendendo a ideia de que a União Europeia tem se seguir os ideais dos seus fundadores.
"Eu sempre admirei a União Europeia porque, desde o seu início, não foi uma coisa levada simplesmente por sentimentos. Foi levada por ideais e por atitudes, que foram sempre muito discutidas. Não foi de uma forma pouco pensada que se fez isto. Era gente que tinha ideais, mas, ao mesmo tempo, fez caminhos concretos para realizá-los", acrescentou o novo presidente da CEP, eleito na terça-feira, em entrevista à agência Lusa.
José Ornelas lembrou, no entanto que, muitas vezes, esses ideais, que considera essenciais para o futuro comum da Europa, não têm sido observados.
"Estamos numa Europa mais alargada, por isso mesmo também diversificada e também com histórias diferentes, mas é fundamental [observar esses ideais]. E estou convencido que, de facto, neste momento se decide muito do futuro e da viabilidade da Europa", disse.
"E é sempre a mesma questão: ou as pessoas estão no centro, ou então não dá", acrescentou o novo presidente da Conferência Episcopal Portugueses.
Mas se, por um lado, confessa admiração pelos ideais europeus, José Ornelas também critica o grupo de países, onde se incluem alguns europeus, que atraem os melhores cérebros de países mais pobres.
"São países que dizem: 'nós não aceitamos imigrantes, mas engenheiros sim'. Isto é vampirismo. É vampirismo intelectual, é privar os pobres daqueles que os poderiam salvar. Nós trazemos de lá aqueles que poderiam ajudar a desenvolver esses países. E depois o resto é lixo, que fiquem lá com ele", disse.