"Depois do coronavírus, Lisboa vai acabar com o Airbnb", garante Medina

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa escreveu um artigo de opinião no The Independent, no qual apresenta algumas das prioridades pensadas para a capital num período pós-pandémico.

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Mafalda Tello Silva
05/07/2020 17:45 ‧ 05/07/2020 por Mafalda Tello Silva

País

Lisboa

Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, afirmou, num artigo de opinião, divulgado este fim de semana pelo o jornal britânico The Independent, que num período de pós-pandemia a capital "vai acabar com o Airbnb e transformar o alojamento Local em casas para trabalhadores de serviços essenciais" que ajudaram o município a ultrapassar a crise provocada pela Covid-19. 

Começando por apontar que Lisboa "beneficiou muito nos últimos anos" do turismo, Medina ressalva que houve um preço a pagar pelos residentes da capital. 

"Os trabalhadores de serviços essenciais e as suas famílias têm sido, exponencialmente, forçados a sair, enquanto os alojamentos estilo Airbnb tomaram conta de cerca de um terço das propriedades do centro da cidade, elevando os preços dos arrendamentos, afastando comunidades e ameaçando a identidade da cidade", sublinha o autarca

Declarando que quer trazer de volta as pessoas que são "lisboetas de sangue" ao centro da cidade, Medina garantiu ter como objetivo tornar Lisboa num local mais "verde" e "sustentável", bem como "num melhor  sítio para se viver e visitar"

"Priorizar casas acessíveis para profissionais de saúde, trabalhadores do setor dos transportes, professores e centenas de outros que garantem o funcionamento de serviços essenciais. Estamos a oferecer pagar aos proprietários para transformarem centenas de alojamentos locais em casas com rendas acessíveis para trabalhadores essenciais ", destacou. 

Admitindo ser uma "estratégia arriscada", o presidente da Câmara recordou que este tipo de arrendamento também garante aos proprietários terem "uma renda estável e de longo prazo", permitindo, ao mesmo tempo, que o município tenha "a hipótese de criar uma cidade mais vibrante, saudável e equilibrada".

"Esta abordagem também ajudará no combate às alterações climáticas e a melhorar a saúde pública. Cidades mais densas traduzem-se em menos pessoas a virem para o centro todos os dias. E menos carros nas estradas significa menos poluição e emissões prejudiciais, que poluem o ar que respiramos e que também contribuem para o aquecimento global", argumentou. 

Por fim, Medina ainda garantiu que a Câmara de Lisboa está a trabalhar em estreita relação com empresas privadas para "renovar alguns dos edifícios da cidade devolutos", com vista a criar mais casas com rendas acessíveis em Lisboa. 

Destacando que esta estratégia não quer dizer que a capital "não queira turismo" ou que não precisa que os turistas "voltem a Lisboa o mais rápido possível", o autarca referiu ainda que "simplesmente é tempo de fazermos as coisas diferentes", decisão que também irá beneficiar todos os que visitam a cidade. "[Os turistas] vão encontrar uma cidade mais limpa, mais verde e viva, em vez de uma que corre o risco de se tornar um belo museu”, concluiu. 

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