"Os óbitos acumulados por covid-19 em lares [são] 628 dos 1.646 que hoje estão registados no boletim [epidemiológico diário]", precisou Marta Temido, que falava na conferência de imprensa trissemanal de balanço sobre a pandemia no país.
A ministra da Saúde acrescentou que a região Norte é a que regista mais óbitos em utentes de lares, correspondendo a 296 pessoas do total.
Segue-se a zona de Lisboa e Vale do Tejo com 168 e o Centro a registar 143 mortes de utentes de residências para idosos.
O Alentejo regista 16 mortes nestas circunstâncias e o Algarve cinco, podendo os óbitos terem sido registados nos lares ou não, mas estando em causa idosos institucionalizados.
Confrontada com preocupações e queixas de entidades ligadas ao setor, nomeadamente com as declarações do presidente da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia, Manuel Carrageta, que em entrevista à TSF referiu que a estratégia de combate à covid-19 foi errada desde o primeiro momento e que por isso vão continuar a surgir novos surtos, Marta Temido falou do que tem sido feito e de planos que quer o Ministério da Saúde, quer o do Trabalho e Segurança Social têm em marcha.
"A situação das estruturas residenciais para idosos mostra que a incidência de óbitos, a letalidade nestas estruturas é elevada para aquilo que foram os óbitos que aconteceram no país, naturalmente, mas é um padrão que é europeu", referiu.
A governante acrescentou que "tem-se constatado que em algumas estruturas, como por exemplo as estruturas da rede nacional de cuidados integrados, que não são especificas para pessoas idosas, a letalidade é muito baixa" e sublinhou a atenção à situação nos lares.
"Podemos baixar a guarda? Não, não podemos. De resto a intervenção nestas estruturas tem várias fontes de risco. A primeira são as pessoas que vem de fora, profissionais maioritariamente por isso o Ministério da Saúde e o Ministério do Trabalho e da Segurança Social têm tido um trabalho muito intenso de formação nestas estruturas e distribuição de equipamentos de proteção individual em fases em que essas estruturas ainda não tinham a preparação adequada", descreveu.
Marta Temido frisou que "as unidades de saúde pública estão muito atentas" à "vulnerabilidade" dos lares, disse que "as situações de surtos estão monitorizados" e adiantou que está a decorrer um levantamento sobre as estruturas residenciais com maior nível de risco, nomeadamente pelo pluriemprego dos colaboradores, elevado número de utentes ou falta de espaço e que essas serão alvo da realização periódica de rastreios.
Portugal regista hoje mais dois óbitos relacionados com a covid-19, em relação a quinta-feira, e mais 402 casos de infeção, dos quais 342 na região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS).