No início deste mês de agosto, os veraneantes que estavam na praia da Terra Estreita avistaram um tubarão a dirigir-se para a praia do Barril, em Tavira, o que levou as autoridades a içar a bandeira vermelha entre aquelas praias, por precaução. Mas é assim tão fora do normal um avistamento de um tubarão na costa portuguesa?
“É bastante comum, sobretudo um tubarão daquela espécie”, diz Nuno Queiroz, investigador independente no CIBIO-InBIO, referindo-se ao tubarão-azul. “Eles usam toda a costa este do oceano Atlântico como um berçário. No final da Primavera as fêmeas grávidas vêm para a costa africana e portuguesa e dão à luz”, refere, em declarações ao Notícias ao Minuto.
Nuno Queiroz, cuja área de estudo é focada na ecologia e distribuições espaciais dos movimentos de peixes predadores, as suas restrições ambientais e as respetivas consequências para a sua conservação, indica, que este ano “há um número maior de avistamentos”, fenómeno que está a ser estudado no contexto das restrições impostas com a pandemia de Covid-19.
E porque é que isto acontece? “Pelo facto de não ter havido pesca em março, abril, maio… O ruído perto das praias e perto dos portos também diminuiu”, assinala Nuno Queiroz, sublinhando, porém, que a ausência da pesca será o principal fator, aproximando as fêmeas da costa.
“É um fenómeno que acontece a nível mundial, como as tartarugas nas praias dos Estados Unidos. Elas confundem-se muito com as luzes do carros, como não há carros elas dão com as praias”, acrescenta o biólogo. Estes não são exemplos únicos, relembre-se dos vários vídeos de cangurus no meio das estradas, em países como a Austrália, algo que acontece por causa da ausência de ruído e movimento nas estradas.
Ataques de tubarões em Portugal?
Há registo de ataques de tubarão em Portugal? “Há alguns ataques documentados, poucos, sobretudo de tubarões-azuis, que morderam. Houve um até recentemente, numa praia, mas nada de grave. São tubarões mais pequenos, porque os grandes é muito raro aproximarem-se da costa”, afirma Nuno Queiroz.
O biólogo sustenta que as espécies que nadam na costa portuguesa são “animais curiosos” mas “não são muito agressivos”. Em caso de avistamento, “o ideal é sair da água, sem grande pânico”. “Eles têm tanto medo de nós, como nós deles. Em princípio, não se aproximam, são animais bastante cautelosos”.
É nas praias do Algarve e do Alentejo que existem as “melhores condições para eles se aproximarem”. “Tem a ver com a visibilidade da água, a partir de Lisboa para cima há muitos escoamentos de rios”, diz o especialista.
Os tubarões mais comuns na costa portuguesa, indica Nuno Queiroz, são o tubarão-azul ou o tubarão-anequim (mako), que “costumam aparecer mais no verão quando a água fica mais quente”. “Mas há muitas espécies que são comuns o ano todo”, garante, “como o tubarão-frade, que aparece mais na primavera, e o tubarão-baleia nos Açores, também cada vez mais comum”.
'Shark Week' coloca o rei do mar de novo em destaque
Por falar em tubarão-mako, uma das dezenas de espécies de tubarões que nadam ao largo da costa portuguesa, saiba que este é considerado o tubarão mais rápido do mundo. Caso seja um entusiasta deste animal, o rei do mar, poderá assistir a vários segmentos de entretenimento e informação no âmbito da ‘Shark Week’, que esta semana regressou ao Discovery Channel.
Entre 9 a 16 de agosto, “o canal exibirá um programa novo, em que os tubarões são o centro das atenções, uma programação especial que conta com a intervenção de especialistas e estrelas internacionais, bem como uma ampla oferta de formatos sobre tubarões”, dá conta um comunicado enviado às redações.