Um pescador da Póvoa de Varzim está há cerca de uma semana retido numa embarcação ancorada no porto de Paita, no Peru (América do Sul), junto com 17 homens de outras nacionalidades.
De acordo com Manuel Silva, o barco não pode atracar devido às medidas para evitar a propagação da Covid-19 no país.
Num vídeo partilhado, esta segunda-feira, por um dos filhos nas redes sociais, o pescador explica que estão a ficar sem mantimentos e sem combustível e que as autoridades nada fazem para os ajudar, apesar de estarem apenas a “100 metros da costa”.
“Felizmente temos comer para hoje. Temos gasóleo para o barco trabalhar porque a cozinha aqui, caso não saibam, trabalha através dos motores (…). Temos gasóleo até amanhã, ou seja, depois vamos ficar sem luz, sem cozinha. Chamamos as autoridades peruanas e vocês não imaginam o que se tem de fazer porque tem de se chamar os armadores, os armadores têm de chamar a embaixada, a embaixada chama este e chama aquele”, começa por contar Manuel Silva.
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Num relato de quase 10 minutos, o capitão, que é o único europeu no barco, salienta que “não é normal” o que está a acontecer. “Não é normal no mundo em que vivemos hoje em dia estarem 18 homens e chamarmos as autoridades portuárias, eu dizer que não vamos ter que comer nem gasóleo e dizerem que não podem fazer nada”, frisa.
O pescador sublinha ainda que não quer que tenham pena dele, mas sim que ajudem a divulgar o caso para que as autoridades resolvam a situação.
“Não quero que tenham pena de mim, quero que tentem divulgar e mostrar a toda a gente o que é que se está a passar aqui (…). Quero salvaguardar a minha saúde e a saúde das pessoas que tenho aqui neste momento. Há três dias chegaram cinco frangos para 18 pessoas. Há três dias! Amanhã não sei o que vou comer. Simplesmente não sei. Não vou morrer, mas custa-me ao fim de 46 anos, mais de meio mundo que corri e passar por isto”, conclui Manuel Silva.
Questionado pelo Notícias ao Minuto sobre o caso o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) disse que foi informado hoje sobre a situação e que já está a acompanhar o pescador.
"A Embaixada de Portugal em Lima já contactou diretamente o cidadão português para se inteirar da sua situação e das necessidades de apoio. A representação diplomática portuguesa está também em contacto com as autoridades peruanas para agilizar o apoio ao cidadão nacional, continuando a acompanhar de perto a sua situação", garantiu o MNE.
[Notícia atualizada às 21h]
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