"Sabemos que, se houver um agravamento da situação, já há contactos que permitem a colaboração de outros setores, nomeadamente privado e social, mas privado em particular, com o SNS em termos de internamento e de cuidados intensivos, quer quanto a doentes covid quer quanto a doentes não covid, libertando portanto camas e estruturas de cuidados intensivos para doentes covid", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado falava em resposta aos jornalistas, no final de uma iniciativa no Museu da Eletricidade em Lisboa, a propósito das medidas mais recentes anunciadas pelo Governo para combater a propagação da covid-19, ao abrigo da situação de calamidade declarada em todo o território nacional.
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a subida do número de infetados com o novo coronavírus provocou "pressão nos internados" e "pressão nos cuidados intensivos" nos hospitais públicos, mas neste momento ainda não se verifica uma "situação de stresse que permita antever uma rutura no SNS e no sistema de saúde em geral".
"Percebo a atitude do senhor bastonário da Ordem dos Médicos e de alguns antigos bastonários preocupados com aquilo que eu entendo que é fundamental que os portugueses tenham a certeza de que existe, que é a capacidade de resposta do SNS e do sistema nacional de saúde em geral", disse.
Mais à frente, a este propósito, acrescentou: "O que me foi dito é que há condições para alargar os recursos disponíveis no quadro do SNS ou com o contributo nomeadamente do setor privado no quadro do sistema nacional de saúde em geral, que existem e que serão utilizados e disponibilizados à medida das necessidades".
Ainda no que respeita à capacidade do SNS, o Presidente da República considerou que o debate da proposta de Orçamento do Estado para 2021 que o Governo entregou no parlamento na segunda-feira "é uma boa ocasião para se debater o orçamento para o ano que vem também no domínio da saúde.
"É uma boa ocasião, faz sentido. Faz ainda mais sentido porque está nas mãos dos senhores deputados decidir sobre uma matéria que é sensível para um ano no qual pelo menos alguns meses serão meses ainda de pandemia", reforçou.
Quanto a um possível ainda maior agravamento da epidemia de covid-19 em Portugal, o Presidente da República referiu que "a situação de calamidade permite ir mais longe em medidas restritivas", como já aconteceu "em Lisboa, quanto a algumas freguesias".
A covid-19, doença provocada por um novo coronavírus detetado em dezembro do ano passado no centro da China, já provocou a morte de 2.128 pessoas em Portugal, onde no total foram contabilizados 93.294 casos de infeção, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS).
Hoje, registaram-se em Portugal 2.101 novos casos de infeção com o novo coronavírus, o valor diário mais elevado desde o início da pandemia, e onze mortes associadas à covid-19, segundo a DGS.