Governo transformou combate à pandemia em "marketing político"

SIM acusa o Executivo de António Costa de ter ignorado chamadas de atenção de médicos e exige que António Costa "considere os médicos corajosos".

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Notícias Ao Minuto
30/10/2020 20:01 ‧ 30/10/2020 por Notícias Ao Minuto

País

Covid-19

A menos de 24 horas do Conselho de Ministros extraordinário, que se realiza este sábado, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) acusa o Governo de ter transformado o combate à pandemia em “marketing político” e de ter ignorado as "chamadas de atenção" dos médicos para a progressão da pandemia da Covid-19.

Perante a concretização do cenário já previsto pelos médicos - aumento de casos, óbitos e internamentos - , o SIM apela ao Governo para que "passe a estar sensível aos avisos dos especialistas, das entidades, das personalidades, da Ordem dos Médicos e de outras ordens profissionais na área da Saúde" e, num comunicado enviado ao Notícias ao Minuto, deixa 12 pontos de "reiteradas posições", que espera sejam tidas, finalmente, em conta pelo Executivo de António Costa. 

Primeiro, o SIM exige que o primeiro-ministro “considere os médicos corajosos” e que a ministra da Saúde "perca o medo dos sindicalistas, receba e ouça os médicos e demais profissionais de saúde", no âmbito da pandemia.

De seguida, pede o SIM que se "operacionalize uma estrutura rápida e eficiente que identifique e isole os casos positivos e estabeleça um controlo efetivo dos contactos" e que se "mitigue as graves limitações do SNS que já eram evidentes antes da pandemia, e que se contratem médicos". “Para tal, sublinha o sindicato, "é essencial a revisão salarial prometida há 12 anos, que permita atrair e fixar médicos no SNS, bem como concursos sem atrasos".

Além disso, o SIM exige que "passe a ser obrigatório os lares privados e sociais terem um quadro médico próprio, garantindo-se assim que não sejam desviados médicos do SNS” e que “no Orçamento de Estado haja efetivo reforço do investimento no SNS, com valorização da carreira médica, ao invés de ocos processos de intenções”.

Só este investimento em meios vai “permitir aos médicos de família e aos médicos hospitalares seguirem todos os seus doentes para além dos infetados com o SARS-Cov-2, nomeadamente, os doentes crónicos, evitando as complicações do aumento das listas de espera para consultas e cirurgias, com o inevitável aumento da mortalidade”, salienta o sindicato.

O SIM exige ainda a contratação de médicos para as Áreas Dedicadas Respiratórias (ADR) e Trace Covid-19, visto que, cerca de 1.700 médicos de família estão a ser desviados para essas tarefas e estruturas “muitas das quais sem condições de dignidade, ficando impedidos, por imposição do Governo, de seguir correta e regularmente os seus doentes crónicos”.

No mesmo documento o sindicato salienta que a proteção dos médicos com “disponibilização adequada, atempada e em quantidade suficiente de equipamentos de proteção individual” deve ser reforçada e é necessário investir no melhoramento das instalações e equipamento, nomeadamente, “em computadores, centrais telefónicas, impressoras, em software adequado à prática clínica com eliminação de tarefas burocráticas” através da implementação de exames sem papel, disponibilização automática de resultados e desmaterialização da requisição de exames em doentes com subsistemas”.

Por fim, o SIM pede que o Governo reforce o esclarecimento da comunidade sobre a dispensa do teste de cura aos infetados, “poupando centenas de horas de explicações e de degradação da relação médico-doente dada a incompreensão que os doentes revelam” perante esta atualização da Norma n.º 004/2020 e que se “ultrapasse o atraso cruel e insensível na emissão dos atestados médicos de incapacidade multiusos”.

Antes de terminar o comunicado, o SIM saúde o protocolo com os médicos das forças armadas e deixa no ar a esperança de que o Governo “ultrapasse preconceitos ideológicos e negoceie de igual forma e transparência com os setores privado e social” porque, se não o fizer, garante o sindicato, “será muito pior em termos de mortes e de custos para o Estado”.

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