Num comunicado hoje divulgado pela fundação, a sua presidente, Isabel Mota, recorda "o amigo e visionário que inspirou gerações de arquitetos paisagistas, responsável, em conjunto com António Viana Barreto, pelo desenho do jardim da Fundação Gulbenkian [em Lisboa], um espaço que se tornou emblemático para todos os que diariamente aqui esquecem o bulício da cidade".
Gonçalo Ribeiro Telles, figura pioneira na arquitetura paisagista em Portugal, cuja carreira também se destacou na cidadania, ecologia e na política, morreu hoje à tarde, em casa, em Lisboa, rodeado por familiares, revelou à agência Lusa fonte próxima da família.
A presidente da Fundação Calouste Gulbenkian lembra que o arquiteto era um "incansável defensor das cidades ecológicas e humanizadas, das reservas e parques naturais, dos jardins e das hortas urbanas, perante a ameaça constante dos interesses privados e corporativos".
"Nunca é demais realçar o espírito de um homem à frente do seu tempo que viu, como poucos, o que reservava o futuro numa altura em que os alarmes das crise ecológica e climática ainda não soavam com a força de hoje. Um homem profundamente cansado de ter razão que tantas vezes viu a cidade tomar um rumo contrário à visão que, sabiamente, defendia, baseada num profundo conhecimento e num amplo bom-senso", refere Isabel Mota.
Gonçalo Ribeiro Telles, "que apreciava o carácter dinâmico dos jardins, tão ligado ao movimento da vida, como gostava de dizer, com elementos que nascem, crescem, reproduzem-se e morrem, ficará para sempre ligado" à Fundação Calouste Gulbenkian e ao "jardim admirável que ajudou a criar" na zona da Praça de Espanha.