O reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, afirmou que a morte de Eduardo Lourenço "mais do que uma perda para a universidade ou para a academia, é uma perda para Portugal e para a humanidade".
"Uma voz única do pensamento português, pensador livre e cultor de excelência da língua portuguesa que, certamente, vai continuar a ouvir-se através da vastíssima obra" que deixou, disse Amílcar Falcão, citado na nota de imprensa da Universidade de Coimbra (UC).
Professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta, interventor cívico, várias vezes galardoado e distinguido, Eduardo Lourenço foi um dos pensadores mais proeminentes da cultura portuguesa.
Morreu na terça-feira, em Lisboa, aos 97 anos.
Na nota de imprensa, a UC recordou a ligação de Eduardo Lourenço à instituição, onde se formou em Ciências Histórico-Filosóficas, tendo ali lecionado como professor assistente, entre 1947 e 1953.
A Universidade de Coimbra conferiu-lhe ainda o grau de doutor honoris causa.
De acordo com a nota de imprensa, Eduardo Lourenço assumiu também o papel de diretor honorífico ao Centro de Estudos Ibéricos, criado em 1999 e que une a UC e a Universidade de Salamanca.
Em 2011, o filósofo e ensaísta doou parte do seu espólio bibliográfico, relacionado com filosofia e história das ideias, à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
Eduardo Lourenço Faria nasceu em 23 de maio de 1923, em S. Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, no distrito da Guarda.
Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas, na Universidade de Coimbra, em 1946, aí inicia o seu percurso, como assistente e como autor, com a publicação de "Heterodoxia" (1949).
Seguir-se-iam as funções de Leitor de Cultura Portuguesa, nas universidades de Hamburgo e Heidelberg, na Alemanha, em Montpellier, em França, e no Brasil, até se fixar na cidade francesa de Vence, em 1965, com atividade pedagógica nas principais universidades francesas.
Autor de mais de 40 títulos, possuiu desde sempre "um olhar inquietante sobre a realidade", como destacaram os seus pares.