O Governo português estima dar início à vacinação contra a Covid-19 entre 27 e 29 de dezembro, anunciou a ministra da Saúde, ao final da manhã desta quinta-feira, em conferência de imprensa, no Palácio da Ajuda, em Lisboa.
"Como está a ser comunicado pela Comissão Europeia, aquilo que os países estimam que possa acontecer é que o calendário de vacinação possa ser alinhado entre todos e possa iniciar-se no dia 27 de dezembro", revelou.
Assim que as vacinas chegarem a Portugal, "estima-se que possamos começar a vacinar entre 27 e 29 de dezembro".
A governante detalhou ainda que autorização para a entrada no mercado condicional da vacina da Pfizer/BioNTech deverá ocorrer a 23 de dezembro.
Portugal estima que o primeiro lote de vacinas a chegar seja de 9.750 unidades. Em janeiro, calcula o Governo, haverá cerca de 300 mil doses de vacina, em fevereiro 429 mil doses e em março cerca de 487 mil.
“Estamos a ultimar o processo de seleção das pessoas que serão vacinadas com o primeiro lote de vacinas" e que respeitará os parâmetros clínicos já definidos. O foco deste primeiro lote estará direcionado para os profissionais de saúde porque são “aqueles que, na primeira, linha nos poderão ajudar melhor a proteger os restantes”, acrescentou.
Para tal, a Direção-Geral da Saúde já identificou os que estão "mais sujeitos ao risco de contraírem a doença, seguindo o critério da exposição".
"Estamos a falar de profissionais que trabalham em unidades de cuidados intensivos, em serviços de urgência, nos que trabalham em atendimento aos doentes respiratórios covid-19, sejam comunitários ou de urgência hospitalar, profissionais que trabalham em unidades onde há maior risco por libertação de aerossóis e contacto com utentes eventualmente contagiados por covid", pormenorizou.
"A mensagem é começar por cuidar de quem cuidou tão bem de nós. Este é o primeiro momento. Cerca de uma semana depois, o processo será alargado e, naturalmente, dirigido a toda a população considerada prioritária, designadamente, residentes em lares", acrescentou.
Marta Temido frisou que há mais vacinas na calha para parecer e autorização de introdução no mercado condicional por parte da Agência Europeia do Medicamento, como é o caso da empresa Moderna.
Após a reunião com responsáveis do planeamento da vacinação, a ministra enfatizou que o Governo acredita que esta será uma "ferramenta" fulcral para combater a pandemia. Este será, porém, um “processo exigente. É um processo novo que se reveste de uma expectativa diferente".
O processo está, por isso, a ser acompanhado com “todo o cuidado e rigor. Será um processo que correrá bem e que contará com envolvimento dos portugueses que podem ter confiança na sua vacinação".
DGS ultima manual de vacinação
Considerando as reações adversas à vacina que foram descritas, quer no Reino Unido quer nos EUA, Marta Temido esclareceu que Portugal criou um "mecanismo adequado ao registo e, antes da vacinação, o profissional de saúde irá recolher informação de saúde para que a vacinação seja feita em segurança".
A ministra garantiu que, o mais tardar até domingo, seja disponibilizado pela Direção-Geral da Saúde um manual de vacinação.
Questionada sobre os meios disponíveis para conduzir a vacinação, a ministra indicou que "o Serviço Nacional de Saúde tem 40 mil enfermeiros e cerca de 20% trabalha em cuidados de saúde primários", acrescentando que algumas estruturas residenciais para idosos têm também profissionais de saúde ao serviço.
Numa "fase mais avançada" da vacinação, que não precisou, poderão também ser administradas vacinas em farmácias comunitárias.
Questionada sobre o envolvimento das Forças Armadas, referiu que no plano de vacinação, o Ministério da Defesa tem um papel "essencial para a coordenação do processo logístico", mas que não participará no transporte de vacinas ou medicamentos, uma "operação sofisticada que tem características técnicas próprias".
A distribuição das vacinas terá "o apoio das forças de segurança", para que esteja "prevenida qualquer ocorrência que ponha em causa a segurança das vacinas ou do processo vacinal".
Recorde-se que o primeiro-ministro deveria ter marcado presença física na reunião desta manhã, mas teve de acompanhar o processo remotamente, uma vez que está em isolamento profilático depois de ter estado com o presidente francês, Emmanuel Macron.
Marta Temido garantiu aos jornalistas que António Costa “acompanhou todos os trabalhos”, que está bem de saúde e que se manterá em teletrabalho até ter indicações das autoridades de saúde.
Reveja aqui a conferência da ministra da Saúde:
Em direto: Declarações após Reunião sobre o Plano de Vacinação no combate à Covid19 https://t.co/BscxolYdMi
— República Portuguesa (@govpt) December 17, 2020
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