Cientistas portugueses criam teste rápido a partir da saliva
Uma equipa de cientistas portugueses criou um teste de saliva que permite detetar ao fim de meia-hora ou uma hora, através de uma alteração de cor, se uma pessoa está infetada pelo novo coronavírus, foi hoje anunciado.
© Lusa
País Covid-19
O teste de diagnóstico da covid-19 com base na recolha de saliva foi desenvolvido por uma equipa do Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB) António Xavier da Universidade Nova de Lisboa, em colaboração com o Laboratório de Bromatologia e Defesa Biológica do Exército e o Hospital das Forças Armadas.
Um primeiro rastreio-piloto com este teste será feito hoje com voluntários do ITQB, anunciou a instituição numa nota de imprensa.
O teste, aplicado diretamente em amostras de saliva, utiliza uma tecnologia que permite, através de uma mudança de cor visível a olho nu, saber em 30 a 60 minutos se uma pessoa está ou não infetada com o SARS-CoV-2, o coronavírus que provoca a doença covid-19.
"Se a reação tiver resultado rosa, o teste é negativo. Se for amarelo, é positivo", refere a nota do ITQB, assinalando que o teste é "particularmente adequado" ao despiste da covid-19 em aeroportos, lares ou escolas, dada a sua "rapidez, sensibilidade, facilidade de colheita e custo reduzido".
A recolha é feita pela pessoa, que cospe a saliva para um recipiente, dispensando o uso de zaragatoas e o recurso a pessoal especializado.
A testagem direta das amostras de saliva possibilita detetar, em cada teste, "menos de 100 cópias do vírus", com "uma sensibilidade de 85%", permitindo "avaliar a infecciosidade da pessoa no momento".
Optando-se por extrair, em complemento, material genético do SARS-CoV-2 da saliva, a sensibilidade do teste aumenta para 100%, assegura o ITQB.
O teste, que assenta numa tecnologia que amplifica o material genético do coronavírus a uma "temperatura constante", pode ser realizado com recursos básicos, como uma placa elétrica ou um banho-maria a 65ºC.
Para que possa ser usado pela população, o teste terá ainda de ser validado e aprovado pelas entidades competentes.
O projeto foi financiado em 35 mil euros pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, ao abrigo do concurso direcionado para a investigação da covid-19 "Research4COVID-19".
A utilização da saliva comomeio de diagnóstico da covid-19 está também a ser estudada pelo Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), em colaboração com os hospitais Dona Estefânia, em Lisboa, e Amadora-Sintra.
O estudo prevê testar 300 pessoas, 33% das quais infetadas, de todas as faixas etárias.
Até ao momento, o procedimento "foi validado em cerca de 80 pessoas hospitalizadas onde, entre outros, se comparou a eficácia da saliva face à amostra nasofaríngea, tendo sido obtidos resultados muito promissores", segundo um comunicado do IGC divulgado na sexta-feira.
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