Arquitetos subscrevem classificação de monumento e jardim na Boavista

A Associação dos Arquitetos Paisagistas subscreveu o pedido de classificação do monumento e jardim da Rotunda da Boavista, para onde está prevista a construção de um túnel subterrâneo no âmbito das obras da Linha Rosa do Metro do Porto.

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Lusa
23/12/2020 19:19 ‧ 23/12/2020 por Lusa

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jardim na Boavista

 

"A APAP [Associação Portuguesa dos Arquitetos Paisagistas] refere que 'apesar da importância simbólica, histórica, patrimonial e arbórea desta praça, ela ainda não consta da lista de jardins e monumentos de valor patrimonial da cidade do Porto' e por isso se junta àquela iniciativa da sociedade civil para o reconhecimento do valor patrimonial desse jardim histórico e do seu Monumento aos Heróis da Guerra Peninsular", indica a Associação Ambiental Campo Aberto, num comunicado hoje divulgado.

No pedido enviado à Direção Geral do Património Cultural (DGPC), no dia 14 de dezembro, sete associações, a que se junta agora a APAP, pedem aquele conjunto seja classificado como património cultural de interesse nacional, salientando o seu valor patrimonial e arquitetónico.

Em declarações à Lusa, o presidente da APAP, João Ceregeiro, destacou que as características "originais" patentes no desenho do conjunto composto pelo momento, jardim e praça, característicos dos jardins do século XIX, princípio do século XX, com grande presença no Porto.

Sublinhando a importância patrimonial do conjunto, aquele responsável disse esperar que seja acautelada a integridade do conjunto monumental durante a construção de um túnel subterrâneo previsto no âmbito das obras da Linha Rosa do Metro do Porto.

"Se não seria muito grave se tal não acontecesse, portanto, mais uma razão para acautelar esta situação, com classificação deste conjunto", disse.

No sábado, em comunicado, os signatários, descreviam a praça Mouzinho de Albuquerque, vulgarmente conhecida como Rotunda da Boavista, como uma das praças mais emblemáticas da cidade, indicando que o monumento foi pensado para esta praça em 1908 na sequência do plano de comemorações da vitória portuguesa na Guerra Peninsular, tendo sido inserido numa dinâmica que tornava esta zona num novo centro financeiro e comercial do Porto.

Do jardim histórico envolvente, "um dos jardins românticos oitocentistas do Porto", salientam o papel decisivo para "a organização da malha urbana da Boavista" e destacam a grande variedade de espécies arbóreas "com décadas de vida".

No pedido de classificação, a que a Lusa teve acesso, os signatários indicam que está prevista a perfuração de um túnel sob a base do monumento para construção da linha rosa do Metro do Porto.

O pedido de classificação, agora apoiado também pela APAP, foi subscrito pela Árvore - Cooperativa de Atividades Artísticas CRL, a Associação Cultural e de Estudos Regionais (ACER), a Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, a AJH - Associação Portuguesa dos Jardins Históricos, a Campo Aberto - associação de defesa do ambiente, o Clube Unesco da Cidade do Porto e o Núcleo de Defesa do Meio Ambiente de Lordelo do Ouro - Grupo Ecológico (NDMALO-GE).

Em setembro, quatro destas associações tinham já denunciado as "mutilações" ambientais previstas com a extensão da rede de metro, contestando a destruição de três jardins no centro do Porto e o abate de mais de 500 sobreiros em Vila Nova de Gaia.

A nova Linha Rosa do Metro do Porto é formada por quatro estações e cerca de três quilómetros de via, ligando S. Bento/Praça da Liberdade à Casa da Música, servindo o Hospital de Santo António, o Pavilhão Rosa Mota, o Centro Materno-Infantil, a Praça de Galiza e as faculdades do polo do Campo Alegre.

A linha Rosa está a ser contestada por vários grupos ambientalistas do Porto que pedem que a APA chumbe o RECAPE, obrigando a Metro a alterar a execução do projeto prevista para o local. Foi ainda lançada uma petição que conta com pouco mais de 1.100 assinaturas.

No dia 17 de dezembro, a Metro do Porto informou ter adjudicado a construção da nova Linha Rosa, que se materializará após validação do Tribunal de Contas.

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