Terminada a reunião de Conselho de Ministros extraordinária, realizada esta tarde, que teve como objetivo aprovar medidas adicionais ao confinamento geral, já em vigor desde as 00h00 do passado dia 15 de janeiro, para travar o exponencial crescimento da pandemia em Portugal, António Costa falou aos portugueses.
Começando por alertar para o facto de, neste momento, estar em causa a "saúde e a vida de cada um de nós e de quem nos rodeia", o primeiro-ministro sublinhou, em conferência de imprensa, a partir de São Bento, que "não é aceitável mantermos este nível de circulação" verificado desde que entrou em vigor o confinamento geral.
De acordo com os dados reunidos pelo Executivo, "entre sexta e ontem, comparativamente com sexta e domingo da semana anterior, tivemos uma redução de 30% das movimentações", um valor que não é suficiente para travar as cadeias de transmissão no país.
Esta informação, ressalvou o primeiro-ministro, foi recolhida junto de forças de segurança, operadores de transportes públicos, concessionários de autoestradas e dados relativos à movimentação de telemóveis.
"Ainda hoje morreram mais 167 pessoas. Não há nenhuma razão para termos hoje menos receio da Covid-19 do que o medo que todos tivemos quando a doença chegou em março passado", advertiu.
Da proibição de circulação entre concelhos à de permanência em espaços públicos
Perante o cenário atual, António Costa explicou que se impõe o alargamento do quadro de medidas e procedeu ao anúncio das novas medidas, relevando que passa a ser proibido: a "venda ou entrega ao postigo, em qualquer estabelecimento do ramo não alimentar", a "venda ou entrega em cafés ou em estabelecimentos em 'take away'" e o consumo "à porta ou na via pública" nas imediações destes espaços.
"Está também proibida a circulação entre concelhos aos fins de semana", revelou.
O primeiro-ministro avançou tambémque "serão encerrados todos os espaços de restauração em centros comerciais", mesmo em regime de 'take away', e que serão "proibidas todas as campanhas de saldos e de promoções".
Sobre os espaços públicos, será proibida a permanência nestes locais, como por exemplo, em jardins e zonas destinadas ao exercício físico. Neste sentido, acrescentou. "solicitamos a todos os presidentes das câmaras municipais que limitem o acesso a locais de grande concentração de pessoas como frentes ribeirinhas, parques infantis e equipamentos desportivos".
Serão ainda encerradas as "universidades sénior, os centros de dia e centros de convívio". Contudo, "não se justifica alterar a decisão tomada relativamente ao funcionamento das escolas". Ou seja, os restantes estabelecimentos de ensino irão permanecer de portas abertas.
"Para reforçar a obrigatoriedade do teletrabalho, é determinado que todos os trabalhadores que se tenham de deslocar para o local de trabalho sejam portadores de uma credencial pela entidade empregadora", adiantou também.
Ainda sobre estas novas medidas, o chefe do Governo informou que "todos os estabelecimentos deverão encerrar às 20h aos dias de semanas e às 13h aos fins de semana, com exceção do retalho alimentar, que pode ficar aberto até às 17h", e que haverá "mais visibilidade das forças de segurança na via pública", designadamente, nas imediações dos estabelecimentos escolares, de forma a serem um fator de dissuasão para impedirem ajuntamentos que são uma ameaça à saúde pública".
Temos razões para ter esperança porque há uma vacina, mas temos de ter a prudência de saber que o processo de vacinação será demorado e que, até estarmos vacinados, ninguém está protegido. É necessário um sobressalto cívico para voltarmos a conseguir controlar a pandemia. pic.twitter.com/IXUGhAzkeJ
— António Costa (@antoniocostapm) January 18, 2021
"Estamos a viver o momento mais grave desta pandemia"
Depois de ter estado reunido com a 'taks force' responsável pelo plano de vacinação contra a Covid-19 esta manhã, António Costa aproveitou ainda o momento para revelar que o país está "condições de ter uma melhor gestão do stock de vacinas e acelerar o processo de vacinação nos lares".
Assim, o Executivo assumiu, acrescentou o primeiro-ministro, o objetivo de "concluir até ao final da próxima semana a vacinação integral da primeira toma em todos os lares, salvo, naturalmente, naqueles onde a existência de surtos nos impede de proceder à vacinação".
Por fim, o chefe do Governo alertou que, neste momento, "estamos a viver o momento mais grave desta pandemia" e apelou, mais uma vez, para que todos os portugueses cumpras as medidas de combate à pandemia.
"Podemos ter toda a confiança na excelência dos profissionais de saúde, podemos ter confiança no esforço que está a ser feito para multiplicar além do limite do previsível a capacidade de resposta do SNS. As forças de segurança irão seguramente reforçar a fiscalização, e o Governo, o Presidente da República e o Parlamento nunca hesitarão em tomar as medidas, por mais duras que sejam, que se imponham para salvaguardar a saúde publica. Mas há algo que se impõe compreender: O controlo e combate da pandemia, em última instância, depende do comportamento individual", garantiu.
Reveja aqui a conferência de imprensa:
Conferência de Imprensa do Conselho de Ministros dentro de momentos. pic.twitter.com/yNKEaek7A8
— República Portuguesa (@govpt) January 18, 2021
De recordar que no domingo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, alertou que a situação "é muito crítica" e considerou que o confinamento não está a ser levado a sério. O chefe de Estado admitiu, aliás, um agravamento de medidas, que disse que apoiará, se for essa a decisão do Governo.
Também a ministra da Saúde, Marta Temido, se mostrou preocupada com o comportamento dos portugueses e alertou que todo o sistema de saúde está "muito próximo do limite".
Portugal somou, nas últimas 24 horas, mais 6.702 infetados com o novo coronavírus e 167 mortes relacionadas com a Covid-19, o maior número de sempre ao superar os 166 registados no sábado, indica o boletim epidemiológico divulgado esta segunda-feira pela Direção-Geral de Saúde (DGS).
Importa referir que Portugal é agora o país do mundo com mais novos casos de Covid-19 por milhão de habitantes, ultrapassando os países que têm sido mais afetados pela pandemia, de acordo com os dados da Universidade Johns Hopkins.
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