Vacinação indevida na Segurança Social de Setúbal (dirigentes incluídos)

Pelo menos 126 funcionários da Segurança Social de Setúbal foram vacinados contra a Covid-19, quando o fármaco deveria ter sido administrado apenas a utentes de lares e todos aqueles que trabalham diretamente nas instituições.

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© Matthew Horwood/Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
29/01/2021 07:36 ‧ 29/01/2021 por Notícias ao Minuto com Lusa

País

Covid-19

Pelo menos 126 funcionários da Segurança Social de Setúbal, incluindo dirigentes, foram vacinados contra a Covid-19 indevidamente, apurou a SIC Notícias.

Revela a estação de Paço de Arcos que estes funcionários foram incluídos numa lista onde só deveriam constar os utentes de lares e todos aqueles que trabalham diretamente nas instituições.

A vacinação dos restantes elementos, assegura a SIC Notícias, constitui uma clara violação das regras de vacinação.

O Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social teve conhecimento do caso depois de ter sido questionado pela SIC e ordenou um inquérito com caráter de urgência.

A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) confirmou à agência Lusa a vacinação de 126 pessoas do CDSSS, e que integravam a lista a diretora Natividade Coelho, militante do PS, bem como diretores de unidade e de núcleo. Porém, a autoridade não assumiu a responsabilidade pela inclusão de dirigentes e funcionários daquela instituição pública que foram vacinados antes de muitos profissionais de saúde, bombeiros e utentes de lares.

"Compete às entidades/instituições que acolhem idosos fazer o levantamento, identificação e listagem das pessoas a vacinar e aos Agrupamentos de Centros de Saúde proceder à vacinação das pessoas identificadas por cada instituição", referiu a ARSVLT, em resposta a perguntas da agência Lusa.

A ARSLVT acrescentou ainda que "a aplicação do Plano de Vacinação contra a covid-19, em especial a vacinação de residentes e profissionais de lares, envolve diversas entidades", esclarecendo que o ACES Arrábida (Agrupamento de Centros de Saúde Arrábida) "recebeu a listagem onde constava o nome da instituição, bem como o número de pessoas a vacinar, tendo, assim, vacinado 126 pessoas da referida instituição, no dia 21 de janeiro".

O PSD de Setúbal já pediu, entretanto, a demissão da diretora do CDSSS, "caso se confirme que recebeu a vacina da covid-19 quando ainda há profissionais de saúde, bombeiros e utentes de lares por vacinar".

"O que aconteceu é algo de muito grave. A ministra da tutela [ministra do Trabalho] não tem outra alternativa senão demitir a Diretora da Segurança Social de Setúbal", defendeu, em comunicado, o presidente da Comissão Política Distrital do PSD de Setúbal, Paulo Ribeiro.

"Já todos percebemos que o plano de vacinação do Governo tem vindo a falhar, assim como toda a gestão da pandemia, mas situações como esta descredibilizam todo o sistema e o combate à covid-19", sublinhou o presidente da distrital de Setúbal do PSD, lembrando que ainda há muitos médicos, enfermeiros, bombeiros e centenas de utentes de lares à espera da vacina para a covid-19.

Mais cauteloso, o presidente da Federação Distrital do PS de Setúbal e atual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendes, lembrou que a ministra do Trabalho já "ordenou um inquérito urgente".

"A nossa expetativa, é que os resultados desse inquérito apareçam com a urgência que foi solicitada, tirando-se daí todas as consequências que tiverem de ser tiradas", disse à agência Lusa o dirigente socialista.

Armindo Miranda, responsável pela Organização Regional do PCP de Setúbal, considerou tratar-se "um mau exemplo, em desrespeito pelos critérios nacionais", mas defendeu que se deve aguardar pelo resultado do inquérito do Ministério do Trabalho e pelas explicações da diretora do CDSSS.

"É um mau exemplo se as direções regionais dos Centros Distritais de Segurança Social começarem a ignorar os critérios nacionais e a estabelecer os seus próprios critérios, com exemplos destes que só vêm aumentar a insegurança das pessoas face à pandemia", disse Armindo Miranda.

Recorde-se que veio também a público recentemente, através da Associação Nacional de Emergência e Proteção Civil (APROSOC), a vacinação de profissionais não prioritários no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), que negou as acusações.

Segundo a central sindical, o presidente do INEM "requisitou dezenas de vacinas a mais para imunizar funcionários do instituto, prestadores de serviços e colaboradores externos, parte dos quais seus amigos pessoais, violando as indicações do plano de vacinação" contra a Covid-19.

O INEM justifica que só foram pedidas vacinas para os profissionais prioritários, mas que alguns não preenchiam os critérios para poderem receber a primeira dose da vacina. Por isso, "foi possível administrar as doses sobrantes aos profissionais do INEM que dão suporte à atividade de Emergência Médica, para evitar o desperdício destas", alega.

[Notícia atualizada às 15:19]

Leia Também: Vacinação de funcionários não prioritários? INEM rejeita acusações

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