Constatando que as as medidas de confinamento "foram decisivas para a contenção da transmissão e para o controlo da pandemia nas últimas semanas", o ex-ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes defende que é agora "fundamental resistir na reversão imprudente dessas mesmas medidas".
No seu entendimento, "o país não aguentará um novo agravamento da situação pelo que desta vez será importante consolidar os resultados".
Recorde-se que a principal conclusão da reunião de ontem com os especialistas no Infarmed foi que as medidas restritivas estão a ter efeitos na redução da transmissibilidade do vírus, continuando, no entanto, a incidência a ser extremamente elevada, pelo que o confinamento deverá prolongar-se até meados de março. Entretanto, segundo o jornal Público, o primeiro-ministro terá admitido mesmo a possibilidade de o confinamento se prolongar até depois da Páscoa, que se celebra este ano em 4 de abril. Paralelamente, o Governo pretende alargar a testagem, seguindo a recomendação dos peritos, por forma a evitar um descontrolo da infeção.
O especialista em Saúde Pública deixou ainda uma "palavra de apreço" pelo contributo do professor Manuel Carmo Gomes ao longo dos últimos meses. "O seu trabalho ajudou a compreender a importância da ciência e da sua independência no suporte as melhores decisões e na defesa do interesse público", enalteceu o ex-governante. Manuel Carmo Gomes, saliente-se, não voltará às reuniões no Infarmed, continuando, contudo, a apoiar o grupo de peritos.
A decisão foi tomada pelo especialista e confirmada pela ministra da Saúde na conferência que se seguiu à reunião de ontem. Marta Temido esclareceu que a saída de Carmo Gomes das sessões do Infarmed se deve a "razões da sua vida profissional", recusando a ideia de se tratar de " se tratar de colocar um dos peritos mais críticos "nos bastidores".
Em Portugal, morreram 14.557 pessoas dos 770.502 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.