O município algarvio de Castro Marim anunciou esta semana que vai testar toda a população, numa altura em que o concelho enfrenta um "grande incremento" da doença.
Num desabafo partilhado nas redes sociais, o autarca, Francisco Amaral, relata o "caos instalado no controlo da situação pandémica" e aquilo que descreve como "um filme de terror", dando o exemplo da morte de "uma jovem mãe de Castro Marim" vítima da Covid-19.
O município, além de arrancar com a operação de testagem da população inteira, vai realizar inquéritos epidemiológicos, para saber exatamente o que se está a passar e confinar os contactos das pessoas infetadas, o que não tem estado a acontecer.
Francisco Amaral refere que, na sexta-feira, dia 5 de fevereiro, em Castro Marim tinha 191 casos ativos de Covid-19 e que apenas 64 contactos isolados (aproximadamente um terço dos infetados), sendo que "o normal e correto" seria que houvesse três ou quatro vezes mais contactos isolados do que contagiados.
O autarca, que é médico voluntário no hospital de Faro, lamenta que os serviços de saúde regionais tenham recusado o apoio do município de Castro Marim (tal como o de Vila Real) para a realização desses inquéritos epidemiológicos.
O presidente de câmara relata ainda uma "azáfama" que nunca tinha visto antes no Hospital de Faro.
"Ao mesmo tempo que se fazem exames e se fintam as macas nos corredores, recebo a triste notícia, por um colega, do falecimento de uma jovem mãe de Castro Marim. Mais uma facada no peito. (...) Resumindo, viemos embora, compreendendo a situação caótica e desumana que ali se vive, reconhecendo e agradecendo o esforço, também desumano, de todos os que ali trabalham", desabafou.
"Chegámos a Castro Marim e fomos trabalhar para rastrear toda a população, já que o caos também está instalado no controlo da situação pandémica e há que identificar os casos positivos e cortar as cadeias de transmissão deste maldito vírus", rematou o autarca.
Fonte da autarquia revelou que a deteção será efetuada através de testes rápidos antigénio, estimando testar "4.000 pessoas nesta primeira fase", numa ação poderá estender-se "por mais fins de semana" e terá um custo de 20 mil euros.
Numa segunda fase, a autarquia do distrito de Faro pretende "levar a testagem às povoações mais isoladas", utilizando para o efeito a Unidade Móvel de Saúde, acrescentou.
O apelo da autarquia é para que a que a população se inscreva para esta primeira ação, que acontecerá nos dias 13 e 14 de fevereiro junto ao Pavilhão Municipal em Castro Marim, entre as 9h00 e as 13h00 e entre as 15h00 e as 18h00.
Para aumentar a capacidade de testagem, o local inclui "acessos para testar a pé e de carro", pode ler-se no comunicado.
A autarquia realçou que desta ação estão excluídas "as crianças até aos 10 anos, pela dificuldade da colheita da amostra, e as pessoas vacinadas ou que já passaram a doença, dado que estão imunes".
A marcação prévia "é obrigatória" e deverá ser realizada através do endereço de correio eletrónico biblioteca@cm-castromarim.pt ou dos contactos 281 510 747 ou 281 510 778 (9h00 às 17h00) e 961 743 222 (9h00 às 20h00).
O concelho de Castro Marim tem uma incidência cumulativa a 14 dias de 2.517 casos confirmados de Covid-19 por cada 100 mil habitantes, segundo dados hoje revelados pela Direção-Geral da Saúde, contabilizados entre 20 de janeiro e o dia 2 de fevereiro.
Vila Real de Santo António, concelho vizinho de Castro Marim, registava esta quarta-feira 205 casos ativos de Covid-19, num total acumulado, desde o início da pandemia, de 1.137. Morreram neste município vítimas da doença 17 pessoas.
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