Mais de 300 brasileiros aguardam voo em Portugal para regressar ao país
O presidente da Associação Brasileira em Portugal (ABP) alertou hoje que há uma lista com cerca de 300 brasileiros retidos em Portugal, com passagens compradas, que poderão não conseguir viajar no voo de sexta-feira, anunciado pelas autoridades.
© Vasco Pinho
País Covid-19
"O voo do dia 26 é uma operação privada", o que mostra um "contrassenso", porque "os governos estão tratando dos voos, mas colocam uma operação privada", afirmou à Lusa Ricardo Amaral Pessoa acrescentando que nem todos terão dinheiro para comprar uma nova passagem.
A página da TAP tem apresentado problemas de acesso aos passageiros, exemplificou. "Pode ser que o site cai, mas como estamos numa situação de emergência (...) não pode falhar".
Por outro lado, Brasília tem insistido que "a embaixada e os consulados gerais do Brasil em Portugal continuam a acompanhar a situação dos brasileiros", mas os que querem viajar "não têm contacto nenhum com o consulado, nem com a embaixada", sublinhou Ricardo Amaral, salientando que "as pessoas ligam para o número de emergência e ninguém atende".
Contactado pela Lusa, ao longo destes últimos dias, o Consulado Geral do Brasil em Lisboa, admitiu, através do seu gabinete de comunicação, que não "tem a lista de passageiros" que irão no próximo avião, que parte sexta-feira de Lisboa com destino a São Paulo, até porque tudo "tem sido tratado diretamente entre a TAP e os passageiros".
Porém considerou que possam ser centenas, tendo em conta a frequência diária de voos entre o Brasil e Portugal até ao momento da suspensão" das ligações.
O Consulado também disse que não recebeu pedidos de apoio de passageiros para a compra de passagens, mas confirmou que tem havido solicitações de ajuda ao consulado por cidadãos brasileiros que se encontram em situação de vulnerabilidade, em virtude da pandemia de covid-19.
"Temos respondido a cada um desses pedidos com as orientações cabíveis. Nos casos de comprovado desvalimento [necessidade] o consulado encaminha as pessoas para instituições e entidades portuguesas de apoio social, dando orientações e prestando os encaminhamentos quando necessários", afirmou.
Ricardo Amaral Pessôa, que é também membro do Conselho Consultivo para os Assuntos da Imigração (COCAI), em representação dos brasileiros em Portugal, diz que tem uma lista de cerca de "300 brasileiros que tinham passagens compradas pelas companhias aéreas Latam, Azul e Tap", que não conseguiram viajar por causa da suspensão dos voos entre Portugal e o Brasil.
Segundo aquele responsável já há algumas alternativas, mas não para os que compraram bilhetes da Azul, que terão de pagar entre 842 e 1.300 euros, para viajarem no voo de sexta-feira.
Além dos que tinham passagens compradas, "existem outras pessoas que querem retornar ao Brasil e querem aproveitar, neste momento, o voo" disse, embora admitindo que esses não possam adquirir bilhetes.
Apesar de tudo, o dirigente associativo considera que o número dos que querem regressar ao Brasil, por estarem em situação de vulnerabilidade "é diminuto", quando comparado com o do ano passado, durante o confinamento.
No atual contexto de pandemia, Ricardo Amaral pede ao Consulado que abra as portas aos imigrantes: "Eu conclamo ao atual cônsul que olhe para a diáspora brasileira, que convide as lideranças associativas e o conselho de cidadãos".
Na semana passada, o Brasil anunciou a realização de um voo comercial extraordinário entre Lisboa e São Paulo, operado pela TAP e previsto para 26 de fevereiro, após pressão de brasileiros retidos em Portugal devido à pandemia.
"O Governo do Brasil, atento às dificuldades enfrentadas por cidadãos brasileiros em Portugal em decorrência da suspensão de voos diretos entre os dois países, concluiu com o Governo de Portugal negociações para a realização de um voo comercial extraordinário da empresa aérea TAP entre Lisboa e Guarulhos [São Paulo]. O voo está previsto para a próxima sexta-feira, 26 de fevereiro", informou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.
O executivo brasileiro, presidido por Jair Bolsonaro, frisou tratar-se de uma "operação privada" e que os interessados em viajar devem contactar diretamente a TAP para marcação ou reagendamento de bilhetes.
Ainda de acordo com o Ministério das Relações Exteriores, os dois Governos têm mantido contactos para facilitar a realização de voos extraordinários desde a suspensão das operações decretada pelo executivo português, em 27 de janeiro, acrescentando que está sob negociação a "possibilidade de realização de novos voos, em bases igualmente comerciais".
A viagem de Lisboa para São Paulo ocorrerá um dia antes do voo da TAP de repatriamento de portugueses no Brasil, agendado para o próximo dia 27, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros português.
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