O programa "Famílias Seguras -- Cuidar de quem cuida" -- é lançado pela instituição universitária em parceria com a Associação Nacional de Cuidadores Informais (ANCI) e "irá envolver num primeiro momento, entre março e julho deste ano, 70 famílias de cuidadores informais no território continental português, abrangendo cerca de 220 pessoas e um total de 4.000 testes, pretendendo posteriormente alargar-se a mais famílias de todo o país".
"Com uma abordagem inovadora e de simples implementação, que permite uma vigilância segura e com uma maior abrangência geográfica, o rastreio será feito através de testes semanais em amostras de saliva, colhidas em casa pelos próprios participantes e enviadas para testagem no Centro de Testes de Ciências. As amostras serão analisadas por testes moleculares PCR, de acordo com as normas da DGS [Direção-Geral da Saúde] e por sequenciação genómica para caracterização das variantes circulantes", lê-se num comunicado hoje divulgado sobre o projeto.
A vantagem do método, explica-se no documento, é que a fiabilidade dos resultados não fica comprometida com a testagem da saliva, uma modalidade menos invasiva do que as zaragatoas e que não requer um técnico de saúde especializado para a sua realização nem a deslocação a um centro de testagem, o que reduz probabilidades de contágio.
"Devido à sua fiabilidade e baixo custo, os testes de saliva possibilitam o aumento da capacidade e da frequência de testagem, permitindo testar regularmente um maior número de pessoas", refere o documento.
Estima-se que exista mais de um milhão de cuidadores informais em Portugal, lembra o comunicado, acrescentando que o universo pode ter aumentado em consequência da pandemia e dos condicionalismos que limitaram ou encerraram respostas sociais.
"Sendo um prestador de cuidados essencial para a saúde, bem-estar e vida digna do doente, o contágio do cuidador pode colocar em perigo não só a sua saúde e bem-estar, mas também o da pessoa cuidada [...] Apesar deste contexto, a população dos cuidadores informais não tem previsto um plano de vigilância e contingência específicos, ao contrário do que acontece em escolas, lares, centros de saúde, unidades hospitalares e da rede nacional de cuidados continuados", lê-se no comunicado.
O programa agora lançado pretende responder a esta "carência, proporcionando uma vigilância epidemiológica regular aos cuidadores, prevenindo a transmissão por covid-19 e promovendo a deteção precoce de casos, diminuindo o risco de infeção e propagação no seio destas famílias".
O programa pode vir a ser estendido a mais famílias, "caso se reúnam os apoios necessários" para o projeto que conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que publicamente tem destacado o trabalho e condição dos cuidadores informais.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.805.004 mortos no mundo, resultantes de mais de 128,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.848 pessoas dos 821.722 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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