"A minha detenção foi um abuso e o espetáculo em torno dela uma infâmia"
Livro de José Sócrates, 'Só Agora Começou', estará disponível nas livrarias a partir do dia 15 de abril.
© Reuters
País José Sócrates
A editora Actual anunciou, esta segunda-feira, que o livro que José Sócrates começou a escrever na Prisão de Évora, onde esteve detido durante quase um ano, 'Só Agora Começou', estará disponível nas livrarias a partir do dia 15 de abril.
Na apresentação do livro, o antigo primeiro-ministro reitera que o processo Operação Marquês faz parte de uma 'cabala' que foi engendrada contra si.
"Há cinco dias fora do mundo, só agora tomo consciência de que, como é habitual, as imputações e as circunstâncias, devidamente selecionadas contra mim pela acusação, ocupam os jornais e as televisões [...]. A minha detenção para interrogatório foi um abuso e o espetáculo montado em torno dela uma infâmia; as imputações que me são dirigidas são absurdas, injustas e infundadas; a decisão de me colocar em prisão preventiva é injustificada e constitui uma humilhação gratuita. Toda uma lição de vida: aqui está o verdadeiro poder –o de prender e o de libertar", lê-se na nota enviada ao Notícias ao Minuto pela Actual, em nome de José Sócrates.
"Este processo é comigo e só comigo. Defender-me-ei com as armas do Estado de Direito – são as únicas em que acredito. Este é um caso da justiça e é com a justiça democrática que será resolvido. Isto só agora começou", acrescenta o antigo governante no mesmo comunicado.
No livro, cujo prefácio é escrito por Dilma Rousseff, o antigo primeiro-ministro faz ainda um paralelo entre a Operação Marquês e a Operação Lava Jato. Na opinião de Sócrates, “a construção de biografias políticas a partir da justiça começa com discursos épicos e aventuras tumultuosas, mas, não raras vezes, termina na solidão do regresso ao real”.
Não é por isso de estranhar que ‘Só Agora Começou’ seja editado, simultaneamente, em Portugal e no Brasil.
Recorde-se que, na passada sexta-feira, o juiz Ivo Rosa decidiu que os crimes de corrupção dos quais José Sócrates era acusado tinham prescrito. Assim sendo, dos 31 crimes de que era acusado, o antigo primeiro-ministro vai responder apenas a seis, três de branqueamento de capitais e três por falsificação de documentos.
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