"É um movimento de vários ativistas laborais, que pertencem a estruturas representativas dos trabalhadores, de organização para alertarmos a sociedade portuguesa para esta pandemia [de despedimentos] que está a ocorrer debaixo de outra, de crise sanitária. Quando esta crise terminar, vamos ter números de desemprego assustadores", afirmou à Lusa um dos manifestantes, Alexandre Café, membro da comissão de trabalhadores de uma multinacional portuguesa que não quis identificar.
"É uma multinacional portuguesa sem problemas financeiros que está a encerrar uma unidade (...) com processo de despedimento coletivo em curso, em negociações, por isso não quero mencionar", justificou.
O documento "Apelo a uma frente de resistência e solidariedade com os trabalhadores atacados na TAP, Galp e outras empresas -- Efacec, Grounddforce, Altice, Banca ...", distribuído na concentração, conta com cerca de 200 subscritores, de vários locais do país e profissões, entre os quais dirigentes sindicais, membros de comissões de trabalhadores de empresas, professores, reformados, blogues e até o militar Mário Tomé, capitão de Abril.
No documento, o apelo à "mobilização geral", comunicado através de uma conta de email "solidariosTap.Galp", destina-se a contestar o encerramento da refinaria de Matosinhos da Galp, o plano de despedimentos em curso na TAP, o plano de reprivatização na Efacec "que destruirá centenas de postos de trabalho" ou o encerramento de balcões na banca que levam ao despedimento de "trabalhadores às centenas".
"Não aceitamos o encerramento das empresas. Não aceitamos os cortes salariais. Não aceitamos a cessação unilateral de acordos de empresa. Os trabalhadores não são descartáveis", lê-se no documento.
Alexandre Café, um dos 20 manifestantes em frente ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, em Lisboa, reconheceu que há empresas efetivamente numa situação difícil por causa da pandemia, mas que "há outras que não têm essa necessidade" de despedir, dando como exemplo o caso, relatado por um manifestante da comissão de trabalhadores do banco Santander, de "descartar trabalhadores para aliviar custos" de trabalho.
"Há muita coisa que tem de mudar neste ministério. A proteção dos trabalhadores é fraca em Portugal", conclui.