"O objetivo é mobilizarmos os centros para o cancro para que, no fim desta década, em 2030, possamos garantir que 75% dos doentes diagnosticados com cancro tenha uma sobrevivência de longo prazo, pelo menos de 10 anos, e isto significa reduzir mortes precoces por cancro em cerca de 50%", disse o governante na Cimeira Europeia de Investigação na Área do Cancro 2021, no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (UE).
No discurso efetuado na iniciativa organizada pelo Porto Comprehensive Cancer Center (P.CCC), um consórcio entre o Instituto Português de Oncologia do Porto e o i3S - Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto, o governante apelou a uma "ação coletiva" a nível europeu para "uma abordagem abrangente na investigação transnacional no cancro" e defendeu a valorização das infraestruturas nesta área científica.
"Isso só pode ser feito se fortalecermos as redes europeias de centros de cancro através de três tipos básicos de infraestruturas de investigação: infraestruturas de investigação transnacional, infraestruturas para investigação clínica e ensaios e, por fim, infraestruturas em investigação de resultados", notou.
Com um alerta para a existência de uma dezena de estados-membros da UE sem uma rede plenamente integrada de centros para o cancro, Manuel Heitor vincou o aspeto crítico do desenvolvimento destas redes, na medida em que considerou a investigação transnacional como "uma ponte crítica entre investigação básica e a investigação clínica".
"E isto pode ser obtido em países e regiões com sistemas de saúde bem desenvolvidos, mas a nossa meta é tornar isto possível em toda a Europa e todas as regiões, não deixando ninguém para trás", referiu, valorizando a Declaração do Porto sobre Investigação do Cancro hoje apresentada na cimeira e que fixa as metas ambiciosas para a melhoria da investigação e dos resultados na área oncológica.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, a comissária europeia para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, Mariya Gabriel, salientou a necessidade de "combinação de esforços" para uma resposta mais efetiva aos desafios na área do cancro e anotou o impacto que a covid-19 causou na investigação científica nesta patologia.
"Temos consciência de que a covid-19 enfraqueceu a investigação e redes no cancro. Temos agora de as recuperar", frisou a responsável da Comissão Europeia, continuando: "O objetivo da missão para o cancro é ter até 2030 mais de três milhões de vidas salvas, com as pessoas a viverem mais tempo e melhor".